| 12/10/2007 16h38min
A estimativa do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) sobre a safra de laranja na Flórida, divulgada nesta sexta, dia 12, deve pressionar ainda mais os preços do suco no mercado internacional, além de beneficiar a indústria processadora brasileira, a maior do mundo. As exportações brasileiras, que movimentaram US$ 1,5 bilhão por ano, em 2006, e saltaram para US$ 2 bilhões neste ano, podem crescer ainda mais, principalmente entre 2008 e 2009, quando a próxima safra for negociada. A produção prevista para o Estado norte-americano é de 168 milhões de caixas de 40,8 kg.
A projeção do USDA foi abaixo de todas estimativas do mercado para a safra da Flórida, segundo maior produtor mundial de laranja, atrás apenas de São Paulo. A consultora Elisabeth Steger falava em 198 milhões de caixas, a multinacional Louis Dreyfus Commodities estimava 180 milhões de caixas e as apostas de outros analistas garantiam que o USDA iria divulgar números entre 174 milhões a 200 milhões de
caixas.
Outro fator é a seca no maior pomar citrícola comercial do planeta, em São Paulo e no Triângulo Mineiro, que já supera 80 dias. A estiagem deve provocar uma quebra natural na safra 2008/2009 no Brasil, e uma florada consistente nas plantas cítricas só deve ocorrer em novembro, quando as chuvas voltarem e forem constantes. Isso pode adiar por três meses o início do processamento da próxima safra brasileira, para agosto de 2008, quando as frutas estiverem maduras. A indústria, com pouco estoque, terá problemas para abastecer o mercado entre maio e agosto do próximo ano sem a oferta da fruta.
– A demanda é crescente no mercado pelo suco, a oferta é bem menor é os estoques são baixos. A estimativa do USDA acaba com as especulações e sinaliza para preços maiores e uma oferta reduzida num mercado comprador – disse Ademerval Garcia, presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Cítricos (Abecitrus).
O executivo estava em viagem de Barcelona (Espanha),
onde participou da World
Juice 2007, para Colônia (Alemanha), cidade-sede da feira de Anuga, a principal do mercado mundial de alimentos.
Garcia explicou que os clientes com quem conversou em Barcelona já se conformaram com o aumento no preço do suco de laranja no mercado mundial, que deve ser acentuado ainda com a falta de opções entre os outros sucos.
– O suco de maçã, por exemplo, que poderia substituir o de laranja, nunca esteve tão caro – explicou o executivo.
Outro fator que pode ampliar a pressão pelo aumento no preço internacional do suco de laranja é o chamado greening, considerada a pior praga dos pomares. Nesta semana, o Fundo de Defesa da Citricultura anunciou a descoberta de uma segunda bactéria causadora da doença, que é incurável, atinge todas as variedades cítricas e já dizimou cerca de 1,5 milhão de plantas em 140 municípios de São Paulo desde 2004. Para piorar, o greening, antes restrito a regiões pouco tradicionais da Flórida, foi detectado
também nos pomares comerciais do Estado
norte-americano.