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Eleições  | 06/09/2010 03h23min

Promotor que investiga espionagem na Casa Militar do RS promete divulgar nomes de envolvidos

Sargento responsável pela segurança de Yeda Crusius teria acessado dados sigilosos de políticos e candidatos

O promotor  Amílcar Macedo, que investiga a ação do servidor da Casa Militar do Palácio Piratini que teria acessado ilegalmente dados sigilosos de políticos e candidatos gaúchos, prometeu, no final da noite deste domingo, divulgar os nomes de envolvidos no caso ainda nesta segunda-feira. Pelo Twitter, Macedo anunciou "Final de semana com trabalho intenso na operação #agregação. Amanhã divulgarei nomes de autoridades e fatos que considero graves!!!".

Macedo disse que também são investigados dois oficiais da Brigada Militar e dois assessores do governo. Segundo o promotor, mais de 10 pessoas teriam tido o sigilo de dados quebrado. O sargento César Rodrigues de Carvalho, que tinha entre suas atribuições atuar na segurança da governadora Yeda Crusius, foi preso na sexta-feira, mas por outra suspeita, a de que extorquia contraventores.

O caso vinha sendo investigado pelo Ministério Público Estadual. O candidato do PT ao governo do Estado, Tarso Genro, definiu ontem como “grave infração e grave ilegalidade” a ação do servidor.

– É uma questão que tem de ser examinada pela autoridade policial e pelo Ministério Público. Para mim, é indiferente porque não tenho nada a esconder. Tem de ser visto como uma questão de grave infração e grave ilegalidade, mas não é uma questão de debate eleitoral – avaliou o petista.

Adotando um discurso cauteloso, o presidente do PT no Estado, deputado Raul Pont, disse que só depois de ter acesso a mais informações o partido tomará providências. Mas antecipou que, caso a suspeita de que integrantes do partido tiveram o sigilo violado sejam confirmadas pelo MP, a sigla vai recorrer à Justiça para cobrar a responsabilização dos envolvidos.

– É preciso verificar o que aconteceu. Mas tudo indica que a ação dele não era só extorquir. Esse sargento cumpria uma função política – disse.

O senador Sérgio Zambiasi (PTB), que também seria vítima da espionagem do servidor da Casa Militar, acredita que a motivação das consultas tenha sido “curiosidade”:

– Até onde eu sei, é um sistema frágil, a que todo mundo tem acesso. As informações que constam ali são superficiais, só carteira de identidade, endereço, situação civil, essas coisas. Não acredito em fins eleitorais.

Rodrigues atuava na Casa Militar desde 2009. Começou a ser investigado porque o dono de um bingo de Canoas procurou o MP para denunciar que o sargento o extorquia. Durante a apuração da extorsão, surgiram indícios de que o militar fazia acessos ao Sistema Consultas Integradas para espionar pessoas.

Como funciona
O poder do Sistema Consultas Integradas
- O programa, criado em 2004, foi visto como uma revolução para fins de investigação, uma vez que permite que policiais e autoridades, com uma única senha, consultem bancos de dados de diversos órgãos, como Detran, Departamento de Identificação e Justiça.
- Com o nome ou o número da carteira de identidade de uma pessoa, quem faz a consulta pode ter informações sobre o consultado e seus familiares. Se alguém pretende fazer um dossiê de um adversário político, poderá saber até se a pessoa teve parentes envolvidos em ocorrências criminais, como porte de drogas, por exemplo.
- O que pode ser consultado: endereços, nomes dos pais, fotos, se a pessoa se envolveu em ocorrência criminal, inquéritos policiais e processos judiciais, se já esteve presa, se é foragida, se tem carro, se tem arma, entre outras coisas.
- É possível acessar o item chamado “auditoria do sistema”, por meio do qual o consultante poderá saber, por exemplo, que dados determinados delegados ou autoridades têm acessado nos últimos meses. Dessa forma, pode-se monitorar investigações em andamento.
Entenda o caso
- O dono de um bingo de Canoas procurou o MP para informar que, havia dois anos, estava sendo extorquido pelo sargento César Rodrigues de Carvalho. O contraventor disse que, por mês, desembolsava cerca de R$ 5 mil para o PM, que assim garantia que a BM iria fazer vistas grossas à atividade ilegal.
- O promotor Amilcar Macedo começou a investigação denominada Operação Agregação. Vieram à tona indícios de que o PM usava uma viatura oficial da BM para extorquir donos de bingo. O MP descobriu que, além da extorsão, o sargento usava sua senha do sistema da polícia para espionar pessoas.
- Conforme o promotor, Rodrigues chegava a consultar cerca de 1,2 mil fichas por mês, obtendo os mais diversos dados de políticos e de policiais.
- A suspeita do MP é de que o material seria usado para a elaboração de dossiês.

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