| 25/03/2010 05h11min
Quem viu o Inter levar 3 a 0 do São José ao vivo, no Estádio Passo D'Areia, como eu, não pode ter dúvida. O time que o técnico uruguaio Jorge Fossati montou, ou tentou montar, entrou em processo de falência total. Não tem mais volta.
O que se viu ontem vai além do futebol. É um caso raro de fracasso retumbante. Fossati pode ter tido êxito em outros países, ao lidar com uma cultura de futebol diversa da nossa. Aqui, não.
Lembrei da experiência trágica com Joel Santana, em 2004. A certa altura, a desorganização era de tal ordem que o Inter precisava livrar-se dele e não sabia como. Durou menos de três meses no cargo, quase o mesmo tempo de Fossati agora. O seu sucedâneo foi Muricy Ramalho, que ressurge agora com toda a força.
Então,
Fossati é o Joel Santana castelhano.
Uma derrota como a de ontem não acontece por acaso.
Há muito não se via uma desordem tática tão profunda e acachapante.
De tanto mudar este por aquele e trocar os jogadores de função a cada partida, Fossati conseguiu diminuir até as individualidades em crescimento vertiginoso.
Giuliano, por exemplo. Terminou 2009 voando. Nas mãos de Fossati, sumiu. Em Rivera, contra o Cerro-URU, jogou aberto pela direita. Ontem, lá estava ele: aberto, mas pela esquerda. O esquema seguiu igual: 4-2-3-1, mas com quase todo mundo de lugar trocado. Antes, no 3-5-2, Giuiano era o único articulador, pelo meio. Nem Pelé suportaria tanta confusão. A dupla de zaga muda a todo instante. Quando pode repeti-la, o técnico uruguaio escala outra.
No Brasil, para um time encorpar, é preciso um mínimo de repetição. Não se trata de usar sempre a mesma fórmula tática e escalação. Mas mudar tudo sempre contraria o bom senso. Sob esta ótica, a falência era questão de tempo.
Contra o São
José, ontem, a superação completa. Fossati perdia por 2 a 0 e
voltou do intervalo sem nenhuma mudança no time, depois de ver a inoperância do ataque no primeiro tempo. Levou o terceiro gol. Somente aí, quando nada mais restava a fazer, decidiu queimar promessas das categorias de base.
Aos 4 minutos, trocou Taison e Alecsandro por Edu e Walter. Mais adiante, tirou Giuliano e colocou Marquinhos, que de reserva do reserva da lateral-esquerda foi chamado às pressas para resolver os problemas ofensivos do Inter, uma crueldade com um talento formado pelo clube.
E o mais incrível: em nenhum momento posicionou Walter na área. Mandou o centroavante se ajeitar na direita, depois na esquerda. Nunca pelo meio, jamais perto da área. Não tinha mesmo como fazer gol.
Muricy Ramalho é ótimo nome para uma urgência como esta enfrentada pelo Inter, antes que a eliminação na Libertadores se consume. Tem identificação com o clube, a torcida gosta dele e a direção o conhece.
ZERO HORA
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