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 | 20/03/2010 05h11min

Fossati quer três zagueiros, mas o vestiário não

Técnico está diante de um dilema complicado no Inter

 




Jorge Fossati está diante de um dilema complicado no Inter. Ele, o técnico, quer escalar o time com três zagueiros. È uma convicção sua. Só que cresce entre os jogadores a ansiedade em jogar com um meio-campo mais povoado, capaz de tirar o time da sua burocrática postura cansativamente defensiva.

Em resumo: Fossati quer três zagueiros, mas o grupo comandado por ele exige o 4-4-2.

Se você ainda não reparou, passe a escutar com mais atenção as entrevistas dos jogadores do Inter. Todos eles, especialmente os do meio para a frente, sempre fazem questão de enfatizar a cada contestação: "fizemos o que Fossati nos pediu".

É quase como se estivessem tentando avisar que não estão se comportando em campo por vontade própria, mas sim por que são profissionais sérios obedecendo ordens do treinador, com as quais discordam.

Ao final do empate sem gols com o Cerro em Rivera, Sandro repetiu o "fizemos o que o Fossati nos pediu" duas vezes. Minutos antes, Giuliano adotou o mesmo procedimento. Eu estava lá, em Rivera. Vi a cena com meus próprios olhos. Fossati, perfilado à mesa da sala de entrevistas do estádio Atílio Paiva com os dois, manteve o semblante sério.

Giuliano e Sandro não enfatizaram esta advertência por acaso. Assim como D'Alessandro não elogiou do nada o 4-4-2.

D'Alessandro, especialmente este, além de Sandro e Giuliano, querem o 4-4-2 já. De outro lado zagueiros experientes e influentes no Beira-Rio: Bolívar, Índio e Fabiano Eller querem a manutenção do trio defensivo. A chance de eles jogarem com este sistema é muito maior, obviamente.

Mas o exército que luta pelo 4-4-2, hoje, é maior. Nem que seja no formato de Rivera. A lógica é mais gente no meio-campo.

Eis aí o dilema de Fossati.

Tite, seu antecessor, inviabilizou-se por que não conseguiu harmonizar os conflitos internos e perdeu o controle do grupo. Este é o diagnóstico dos dirigentes, ainda que não o expressem em público por respeitáveis questões éticas. Mas é isso.

E agora, o que fará o experiente técnico uruguaio, um homem contratado, entre outros motivos, pela fama de jamais perder a liderança no vestiário: se manterá firme em suas convicções ou concordará com o desejo dos jogadores, que em sua maioria pedem o 4-4-2?

O futuro do Inter em 2010 passa por uma travessia tranquila deste mar de águas turbulentas que se avizinha.

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