| 20/10/2009 06h10min
Há dezenas de variáveis que podem ser decisivas em um clássico. Pode ser uma surpresa tática. Mano Menezes quando confundiu Abel Braga usando o lateral-direito Alessandro pelo meio em 2006. Mas nada impede de a chuva encharcar o campo e prejudicar o time de mais toque de bola ou o calor insuportável beneficiar quem tem mais preparo físico. É assim o futebol. A magia está na parcela do imponderável, no Sobrenatural de Almeida eternizado por Nelson Rodrigues.
Mas há um elemento que está presente em todos os clássicos, faça chuva ou sol, seja qual for o esquema utilizado. É nesta hora que o craque resplandece em raios fúlgidos.
Como este será um Gre-Nal sem um jogador que possa ser definido como tal (à exceção de Victor, mas me refiro a um jogador da linha, é claro), fiquemos com outra denominação. É o
momento dos jogadores mais experientes e talentosos dos dois
lados provarem que valeu a pena tanto esforço de investimento.
É Gre-Nal para Souza e D'Alessandro. Passa por eles, mais do que nenhum outro personagem, o clássico de domingo.
Curiosamente, são dois jogadores não totalmente acarinhados pelos torcedores. Souza tem muito mais regularidade em bom nível do que D'Alessandro. Mas os gremistas volta e meia identificam nele algum desinteresse. E reclamam. Talvez lhe falte o que sustenta o argentino diante dos olhos dos colorados nesta temporada de mais baixos do que altos: títulos. Na Sul-Americana do ano passado, D'Alessandro foi decisivo, assim como no Gauchão.
O certo é que não foi para serem coadjuvantes que Grêmio e Inter arriscaram seus milhões de euros em Souza e D'Alessandro.
Os dirigentes o fizeram pelo currículo dos dois, pela rotina em ambientes tensos como o desta semana, pela capacidade de assumir a responsabilidade
em situações de instabilidade como a de Grêmio e Inter, nas quais a
maioria passa o bastão.
Sem Tcheco, quem será o centro absoluto do Grêmio, o responsável por distribuir o jogo, municiar os atacantes, cobrar faltas na frente da área e pelos lados ou arriscar um chute insinuante de longe? Sem falar que Souza tem o hábito de marcar gols, e o Grêmio não terá Maxi López e Jonas.
No caso do Inter, alguém duvida que o jogador mais talentoso é D'Alessandro? Desde a saída de Nilmar e a decadência técnica de Taison, é só do argentino que pode-se esperar o improviso e o lampejo de craque. Verdade que isto parece cada vez mais raro este ano, mas é fato: os colorados já viram D'Alessandro sair de campo consagrado, inclusive com gol de sem pulo em Gre-Nal. Só depende dele, portanto.
Um clássico tem muitas variáveis, mas uma é imutável, cláusula pétrea da constituição futebolística: é nesta hora que o talento do melhor jogador do time precisa fazer a diferença.
O domingo é para
Souza e D'Alessandro.
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