| 29/09/2009 05h30min
Ouvi com atenção as entrevistas do dia no Olímpico. E também no Beira-Rio, antes do embarque para o Chile, onde o melhor que pode acontecer para o Inter é ser eliminado da Copa Sul-Americana de uma vez pelo Universidad para se dedicar só ao Brasileirão. Tanto lá quanto cá, com algumas variações, o discurso ficou parecido: o título está escorrendo pelo ralo e, assim sendo, o melhor a fazer é colocar os pés no chão e pensar em vaga na Libertadores.
No caso do Inter, se segurar no G-4 já estaria ótimo. No do Grêmio, entrar pela primeira vez na tropa de elite salvaria o ano.
Souza chegou de Goiás, onde o Grêmio perdeu mais uma fora de casa, falando que a meta é o G-4. O vice de futebol Luís Onofre Meira já tinha tentado animar a torcida tratando o Gre-Nal do dia 25 de outubro como
decisivo para garantir vaga na Libertadores. No Inter, o discurso não
deixou o título de lado, mas perdeu contundência.
Vaga na Libertadores não é o mesmo que ser campeão. Os dirigentes e mesmo alguns jogadores agora resolveram adotar este discurso como vacina para eventuais fracassos na briga pelo título.
G-4 é um resultado efetivo, mas é consolação. É interessante, charmoso, permite sonhar com o Mundial em dezembro, é ótimo para planejar a temporada seguinte com atrativo para contratações, tudo isso é verdade. Mas o objetivo de grandes clubes, sustentados por torcidas gigantescas, é levantar taça. Este deve ser o parâmetro de grandeza de Inter e Grêmio: ser campeão dentro do seu país.
Então, faltando 12 rodadas ou 36 pontos em disputa até o fim do campeonato, é um absurdo dirigentes e jogadores desistirem de falar em título ou sinalizarem por este caminho.
Doze rodadas é quase um Apertura ou Clausura inteiro nos países da América do Sul.
Até os quero-queros do Olímpico e do Beira-Rio percebem que o rendimento,
tanto de Grêmio quanto de Inter, não inspira confiança para apostar em doze jogos de candidato ao título daqui para frente. Mas isso é outra conversa. Falo de atitude.
E se o São Paulo tivesse desistido quando estava 11 pontos atrás do Grêmio, no ano passado, mesma diferença que separa o time de Autuori do Palmeiras agora? No caso do Inter, então, 44 pontos contra os 50 do líder, relaxar agora é motivo para sócio rasgar a carteirinha, se é que ainda existe carteirinha nestes tempos de cartões magnéticos.
O Gre-Nal não pode ser transformado em um Gauchão em si mesmo. Claro que a rivalidade, até lá, será uma loucura: um vai querer chegar à frente do outro. Trata-se de um elemento local em uma disputa nacional. Já escrevi sobre isso. Mas o objetivo final não pode ser esquecido. Os dirigentes de quem ganhar o clássico, espertamente, vão tratar disso como um campeonato dentro do campeonato.
Inter e Grêmio precisam
disputar os 12 jogos restantes do Brasileirão
assumindo discurso e postura em campo de candidato ao título.
Nada de recuar fora de casa para garantir aquele pontinho de empate importante nos cálculos de G-4. Isso pode ser quase tudo para o Avaí ou o Goiás. Não para a Dupla Gre-Nal. Não para o Inter, campeão do mundo e com 100 mil sócios. Não para o Grêmio, campeão do mundo e caminhando para uma marca parecida de associados.
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