| 06/10/2009 04h40min
Fernando Gomes
Fora de campo, Tcheco é calmo. Quase impossível tirá-lo do sério. Nada a ver com aquele jogador sanguíneo que, antes de ser capitão, se metia em confusões com alguma regularidade. Mano Menezes, hoje no Corinthians, o ajudou muito a se controlar ao aplicar alguns "puxões de orelhas", como define o jogador. Mas tem um assunto que começa a tirar a paciência do camisa 10 do Grêmio: as críticas ao suposto cansaço provocado pelos seus 33 anos.
— Claro que não sou mais criança. Sei disso. Mas tem um outro lado que ninguém comenta. Posso dizer
com toda a tranqüilidade: duvido que exista um camisa 10 no Brasil que volte para marcar com eu. Pode ver: não tem. Então, é
óbvio que a chance de eu ficar cansado é maior. Eu volto para marcar e depois vou armar e atacar. Isso aos 33 anos — desabafa o capitão.
Tcheco está certo. No time do Grêmio, mesmo sendo armador, ele é um dos poucos jogadores que mantém o mesmíssimo espírito de pegada dos tempos de Mano Menezes. Não que os outros não marquem. Não se trata disso. Mas a filosofia de futebol do técnico Paulo Autuori é diferente. É mais de cadência, de toque, de desarmar sem fazer faltas. Tcheco gostar de "morder" e dar "aquele beliscadinha", para usar termos do próprio capitão.
Pela sua identificação com o Grêmio, Tcheco sempre sonhou erguer uma taça importante no Olímpico. Era para ter sido no ano passado, mas não deu. Este ano o sonho o tentou de novo, ainda mais depois da vitória fora de casa sobre o Náutico, a primeira no Campeonato Brasileiro. Parecia que o time ia engrenar. Jonas firmou-se como artilheiro, Victor seguiu na Seleção Brasileira, Réver passou a ser
cotado para uma eventual
convocação. O Grêmio parecia decidido a sair do limbo para entrar na briga por título. Mas vieram a derrota para o Goiás e, pior, o 3 a 3 com o Sport, em casa.
Então, Tcheco decidiu. Se o Grêmio quiser, assina contrato por mais um ano. E, ao final de 2010, encerra a carreira no Olímpico aos 34 anos.
Trata-se de um ultimato fixado por ele mesmo para atingir a meta de se eternizar no clube com uma foto erguendo taça, cercado pelos companheiros, ele um degrau acima dos outros. O ideal seria que fosse na Libertadores do ano que vem. Como o Grêmio já desistiu de lutar pelo título — pelo menos é o que dizem jogadores e comissão técnica — , a vaga no G-4 virou meta de consolação. Ainda assim, se não houver Libertadores para o Grêmio em 2010, Tcheco alimenta a esperança de ser campeão ao menos da Copa do Brasil.
— É um sonho que tenho. Não quero encanar com isso, mas é um sonho. Se não for possível, paciência. A
forma como luto e jogo pelo Grêmio não vai ser
esquecida. Pelo menos eu acho. Mas ainda quero um título assim — suspira Tcheco, o capitão que, aos 33 anos, garante que ajuda a marcar como nenhum outro camisa 10 do Brasil e, por isso, pede reconhecimento.
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