| 15/09/2009 15h43min
Arivaldo Chaves
Nem o "bonitinho" Maxi López, como já definiu Tcheco. Muito menos o próprio Tcheco. Souza? Também não. Victor poderia ser, e o seria com toda a justiça, mas sabe como é vida de goleiro. É uma função esquizofrênica. É a última instância para evitar o gol em um esporte cujo objetivo é FAZER o gol. Então, é ele mesmo: Jonas (foto).
De balconista na farmácia do irmão em Taíuva, interior paulista, Jonas agora é a grande estrela nacional do Grêmio. Ontem mesmo tive duas
provas inequívocas desta nova condição.
À noite, no Jornal da Globo, lá estava o apresentador William Waack e sua parceira de bancada
Christiane Pelágio conversando com o narrador Luis Roberto. Hora de tratar de esporte. Um pouco de Rubinho Barrichello, uma pitada de tênis com a enérgica virada do argentino Juan Martín Del Potro para cima do gênio suíço Roger Federer no Abertos dos Estados Unidos e pronto. Vamos ao futebol. Assunto: os goleadores do Brasileirão.
Então, surgem na tela da Globo, com mesmo espaço e solenidade, Adriano Imperador e Jonas Farmacêutico.
Com direito a clipe e tudo. Disse o Luis Roberto enquanto as imagens invadiam os lares de dezenas de milhões de brasileiros, que a Globo atinge milhões de pessoas:
— Veja o golaço do Imperador: no ângulo. Uma pintura. Agora, o Jonas. Olhaí, teve até chapéu no zagueiro antes do gol na primeira vitória do Grêmio fora de casa, sobre o Náutico. Dois grandes artilheiros do futebol brasileiro. Não é William?
Tem mais. Toca o meu telefone na Redação
de Zero Hora, à tarde. É um colega do Correio Braziliense, um dos
maiores jornais do país. Antes de falar com um jogador ou dirigente fora do nosso convívio nós, jornalistas, tiramos a febre para ver se o sujeito é acessível, se gosta de dar entrevista, se é melhor falar com fulano antes. Enfim. Sondagens. Dei o telefone do Jonas para o repórter do Correio Braziliense, que prepara uma reportagem especial com o novo astro do Grêmio para este domingo.
— Liga para ele direto! Este é acessível, educado e humilde. É só ligar para ele e sair falando, sem frescura de falar antes com assessor — eu disse.
Antes do jogo contra o Botafogo, escrevi um perfil de Jonas. Visitei seu apartamento (que antes era do zagueiro Léo) perto do Olímpico, conversei com o irmão, me espantei com a revelação de que só aos 20 anos começou a jogar futebol para valer, no Guarani. Tinha tentado duas vezes antes, mas a saudade bateu e voltou correndo para casa. Até a conta do celular eu descobri: de R$ 800 para cima, já que o
ex-estudante de Farmácia conversa de
duas a três vezes com os pais e a namorada por dia.
Como se vê, quando o assunto é Grêmio, o país fala menos de Victor, de Maxi López, de Tcheco, de Souza e mais, muito mais, de Jonas, a nova celebridade tricolor.
O Brasil já reverencia o goleador do campeonato, com 12 gols. Não é o único, Adriano também tem 12, o que é ainda melhor do que a liderança isolada. Estar na companhia do Imperador é quase um escárnio para os seus críticos.
Mas e o torcedor do Grêmio?
Ainda vê tudo isso como brincadeira, como fez o jornal Marca, da Espanha, ao chamá-lo de pior atacante do mundo após aquele gol perdido contra o Boyacá, na Libertadores? É uma questão interessante. Para o Brasil, Jonas é "o cara" do Grêmio. Para o próprio Grêmio, posso apostar que não. Como diz Tcheco, a torcida tem lá suas simpatias.
Jonas é o patinho feito da torcida, mas
virou cisne para o resto do país.
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