| 03/06/2010 01h49min
Há alguns dias o prefixo 47 insiste em piscar no celular de Fernando Carvalho. Que não atende. Trata-se de um critério eliminatório. Ele não atende números desconhecidos ao celular, e na sua lista de futuros técnicos não constam catarinenses. Mas desde ontem à noite, se o prefixo do visor for o 31, de Belo Horizonte, o vice de futebol do Inter vai atender na hora. Pode ser Adílson Batista. Os contatos iniciais já foram feitos: o técnico do Cruzeiro anunciou que está deixando a Toca da Raposa após dois anos e meio. A imprensa mineira dá como certa a sua vinda para o Beira-Rio.
– O 47 deve ser de algum empresário de Tubarão ou Joinville me oferecendo técnico – divertia-se Carvalho à tarde.
– Tudo tem um fim. Sou grato por tudo ao Cruzeiro, mas acho que chegou a hora de procurar outro caminho – afirmava Adílson à noite, na entrevista coletiva após o jogo contra o Santos.
O prefixo 47 é de Joinville, mas o fato é que, desde a última sexta-feira, quando Jorge Fossati foi demitido, Carvalho adotou uma cartilha em sua busca por um novo técnico. O processo só seria acelerado depois de a bola rolar na Copa da África, mas o súbito desemprego de Adílson deve mudar tudo. Carvalho é fã confesso do seu trabalho. Bem, vamos à cartilha de Carvalho à procura de treinador.
1) Só atender a ligações de números identificados.
2) Se for empresário, ouvi-lo com atenção e não descartar ninguém. Mesmo que o nome oferecido seja PC Gusmão, como aconteceu dia desses. Mesmo que seja um ex-gremista. Adilson disse que ia secar o Inter no Mundial há quatro anos, mas Carvalho acha isso bobagem. E sai em defesa do treinador, agora livre para assumir o Inter e alcançar o que tentou no Cruzeiro nos dois últimos anos: ser campeão da América.
– Se fosse por isso, o Felipão nunca poderia treinar o Inter. E não teríamos sido campeões da Sul-Americana com o Tite, que teve relação forte com o Grêmio, mas ganhou vários Gre-Nais conosco.
3) A frase "quem está vendo isso é o Fernando" vale até para o presidente Vitorio Piffero. É a orientação para os homens do futebol. Se alguém ligar tentando emplacar este ou aquele nome, ouvirá este mantra.
4) Relaxar. Ontem, antes de ligar a esteira da academia um homem postou-se à sua frente como jeito de Guiñazu antes do carrinho e perguntou, o semblante sério como se estivesse numa reunião do conselho de segurança da ONU:
– O téc-ni-co: quem (pausa) é (nova pausa) o (mais uma) téc-ni-co?
Como não dá para responder, o melhor a fazer é rir e brincar. Na esteira logo atrás, após meia hora de corrida, o suor destilando muitas calorias, alguém arrisca corajosamente, ainda que sem muita confiança:
– Beto Almeida?
O Inter está em São Paulo para enfrentar o Corinthians de Mano Menezes no Pacaembu, à noite. Ontem, no Beira-Rio, os comentários indicavam que o celular de Carvalho, longe de casa, seria mais acionado do que de costume. Se aparecer o número mágico 31 de Belo Horizonte com prefixo, ele atenderá. Pode ser uma ligação do futuro treinador do Inter.
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