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 | 22/05/2010 21h09min

O Grêmio precisa entender que não é o Santos

 




Tudo bem que o árbitro Paulo Henrique Bezerra cometeu dois erros decisivos, um toque de mão na área do zagueiro do Palmeiras e o gol em impedimento de Ewerthon, mas o Grêmio abusou da faceirice no Parque Antártica.

Levou 4 a 2 por isso com toda a justiça. Rochemback, Douglas e Hugo no meio-campo é o mesmo que entregar doces para o adversário.

O último carrinho deste trio para salvar alguma bola perigosa no setor defensivo deve ter acontecido ainda nos tempos de juniores. Cada ataque era um contra-ataque perigoso. Adílson teve que marcar pelos três. Como ele está longe de ser um superjogador, a goleada veio ao natural.

Aviso ao técnico Silas: o Grêmio não é o Santos para jogar aberto desse jeito.

O enfrentamento com o melhor time do Brasil na atualidade foi corajoso, para frente, de igual para igual, aquela trocação de gols nos dois jogos, Olímpico e Vila Belmiro, mas deve ter confundido Silas.

Se continuar assim, o Grêmio vai ficar sem chances de ser campeão antes do recesso da Copa do Mundo. Já é o penúltimo colocado.

Era jogo para vencer, claro que sim. O Palmeiras vive uma crise em todos os níveis. O técnico Antônio Carlos foi demitido, o atacante Robert afastado e a torcida não suporta mais o presidente Luiz Gonzaga Belluzzo, que chegou como um intelectual capaz de devolver a credibilidade ao clube e mostrou-se um neófito sem a menor noção do mundo do futebol. Figueroa, Lincoln e Pierre estavam fora. Diego Souza se inviabilizou no clube.

Era um sábado para ganhar, nisso Silas estava certo. Mas sem marcar no meio-campo, time algum vai longe. Tomando 12 gols em quatro partidas, média de três por um, somando Copa do Brasil e Brasileirão, é impossível.

As incidências do Parque Antártica mostraram com clareza o erro da proposta de Silas, mesmo contra um adversário em crise e fraco. No primeiro gol do Palmeiras, Cleiton Xavier dá o passe à frente da área com liberdade comovente. Na área de Victor, que falhou ao deixar a bola passar por baixo do seu braço direito no primeiro gol, só dois jogadores. É pouco, mesmo que Rodrigo tenha caído sozinho antes disso.

No segundo do Palmeiras, o mesmo cenário: três jogadores do Palmeiras para dois do Grêmio na área. Nenhum lateral ou alguém do meio-campo para ajudar. No terceiro,  mérito do cabeceio de Maurício após o escanteio. Mas no quarto, de Cleiton Xavier, outra vez o contra-ataque matou o Grêmio.

A pergunta é: de que adianta fazer gols e tomá-los em dobro?


Quantos times são capazes de marcar dois gols no Parque Antártica? O Grêmio é um deles. E perdeu. Perdeu porque o seu técnico achou que o Grêmio agora é o novo Santos, capaz de demolir adversários só se preocupando em atacar.

Só times que beiram a genialidade, como o Santos de Neymar, Robinho, Ganso e André, cuja média de gols marcados é superior a três por jogo, podem sobreviver deste jeito.

O Grêmio não é o Santos.


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ZERO HORA
Paulo Liebert, AE / 

Era um sábado para ganhar, mas, sem marcar no meio-campo, time algum vai longe
Foto:  Paulo Liebert, AE


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