| 05/05/2010 17h08min
Não entraria no assunto se a fonte fosse outra. Mas a fonte é o André Rizek, do Sportv. Conheço o Rizek. É um grande jornalista, com passagens pelos maiores veículos de imprensa do país e, o mais importante: um repórter exemplar. Não diz ou escreve nada que não tenha apuração eficiente. A reportagem que desvendou as maracutaias na arbitragem brasileira em 2005 é de sua autoria, na Veja. Poderia citar outras, mas fico só nessa. É o suficiente.
Então, é verdade: o São Paulo está atrás de Silas.
Como o clube em questão é o São Paulo, faz todo o sentido. O São Paulo age assim mesmo. Se quer alguém, jogador ou treinador, vai atrás. Não se importa se o objeto de desejo está empregado e recebendo em dia, envolvido numa decisão ou já empenhou a palavra com terceiros.
O São Paulo assedia, como assediou Hugo no Olímpico durante o exame antidoping, na sua primeira passagem pelo Grêmio. Se atravessa, como se atravessou no negócio praticamente fechado entre Inter, Socheaux (França) e Miranda, no começo de 2006. Não digo que seja ilegal, mas é antiético.
Do contrário, fica fácil. O clube com menos condições financeiras furunga o mercado, descobre jogadores bons e baratos, assume o risco de apostar em um profissional ainda em formação (é o caso de Silas), aí um cartola do São Paulo se espreguiça na cadeira, vai lá, oferece o dobro, diz que atrás do Morumbi há um pote de ouro no fim do arco íris e pronto. Uns trabalham, outros despejam toda a arrogância do seu poder financeiro para contratar.
Em tempo, antes que me acusem de bairrismo: não falo que o São Paulo é isso e nada mais. Ninguém é tricampeão mundial por acaso.
Eu mesmo escrevi uma reportagem especial em Zero Hora sobre a organização de excelência do Morumbi, quase uma Europa brasileira, pesquisando e entrevistando profissionais, dirigentes e jogadores. Me refiro a este tipo de conduta específica, de ir atrás de profissionais tratando os clubes aos quais eles pertencem como se fosse instituições invisíveis. E não é só Inter e Grêmio. É no país inteiro. No Atlético-PR, o nome do São Paulo desperta ira interna.
Se valer de um poder construído licitamente ao longo de sua história?
Tudo bem.
Não ter limites para usá-lo?
Tudo mal.
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