Há um sentimento que une colorados e gremistas hoje. É a desconfiança. Ambos não acreditam em seus times. Fazem contas, olham a tabela, cogitam de ganhar esta em casa enquanto os adversários perdem a outra fora mas, lá no fundo, estão cansados. Inter e Grêmio já aprontaram tanto este ano, deixando escapar chances sublimes de embalar na tabela, que ninguém pretende alimentar falsas esperanças.

O Inter, depois da vitória sobre o Náutico por 3 a 1 na estréia do técnico Mário Sérgio, esboçou um suspiro de fôlego e esperança. Nada assim muito forte, mas os problemas internos pareciam caminhar para uma solução. Então veio o estranho treino da manhã adiado por Mário Sérgio por telefone, obrigando os jogadores a voltar para casa depois de bater com o nariz na porta do vestiário.

Nem o mais fanático torcedor do Inter deixará de concordar que tem algo errado nesta história. Fazia tempo que eu não via algo tão amador em um clube do tamanho do Inter. Para diminuir a desconfiança, só mesmo vencendo hoje o Atlético-PR de Paulo Baier, seja no 3-5-2 ou no 4-4-2. Ao Inter, neste momento, segue a máxima: vale o resultado, muito mais do que o desempenho.

O Grêmio joga fora de casa. Como só suplantou o Náutico longe do Olímpico, a desconfiança azul está justificada. E o Náutico, como se sabe, habita a zona do rebaixamento. A lógica, portanto, indica que o Grêmio tem tudo para não ganhar de novo, desta vez no Pacaembu. Sem Souza, suspenso, e Victor, na Seleção que amanhã enfrenta a Bolívia em La Paz. O técnico Mano Menezes resolveu cobrar duro dos seus jogadores após uma série de resultados ruins. Como Mano fica para a Libertadores de 2010 e ninguém quer se queimar com ele, o Corinthians vai correr.

Mas tudo tem o outro lado, assim como nos saudosos discos de vinil. No primeiro turno, foi exatamente contra o Corinthians que o Grêmio ofereceu sua primeira apresentação espetacular em casa. O time estava desfalcado, o ataque não fazia gols, e Grêmio aplicou 3 a 0. Até Alex Mineiro, hoje no Atlético-PR (na reserva, aliás) marcou o seu. Jonas, ainda o patinho feio do Grêmio, também. Como nem o empate serve para o Grêmio hoje, sob pena de se afastar ainda mais do G-4, resta ganhar.

Como se vê, gremistas e colorados têm motivos de sobra para desconfiar. Vão torcer, claro que sim, mas movidos pelo dever cívico.

A esta altura do campeonato, melhor isso do que a vaia explícita. A Dupla Gre-Nal precisa reconquistar o seu torcedor. Que a rodada aponte para esta pequena revolução de sentimento. Ninguém gosta de desconfiar.

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