| 22/09/2009 05h30min
Cynthia Vanzella, 29/12/2004
Não precisa ter bola de cristal para adivinhar qual será a grande curiosidade do Campeonato Gaúcho do ano que vem. Trata-se do Porto Alegre FC, fundado em 2006 por Assis (foto), irmão de Ronaldinho. Até aí, imagino que ninguém discorde. Como o Gauchão costuma começar na segunda quinzena de janeiro, não é de todo absurdo, por exemplo, ver Ronaldinho abdicar de um ou dois dias de suas férias para
assistir a um jogo do Porto Alegre. E Ronaldinho, seja como melhor do mundo da Fifa ou lutando para voltar à Seleção, gera notícia. É uma celebridade. Bem,
mas isso é o de menos.
A notícia é que Assis não pretende só fazer figuração. Ele quer surpreender. E para surpreender, vai investir pesado. O plano é contratar 10 jogadores de primeira linha, quase um time inteiro. Para ficar na definição do empresário, 10 "top de linha no Brasil".
O Porto Alegre tem tudo para provocar um salutar alvoroço no Gauchão. A ideia é manter o técnico Luiz Carlos de Lorenzi, o Lisca, e 95% do atual grupo, campeão da Segundona em um disputado quadrangular final com o Cerâmica, o Riograndese-SM e o Pelotas. Subiram, como se sabe, Porto Alegre e Pelotas.
Dinheiro não falta para Assis montar uma equipe competitiva. E isto é ótimo para arrancar o futebol gaúcho da mesmice dos últimos anos.
Segundo a revista Forbes, Ronaldinho faturou US$ 30 milhões em 2008. Só em salários do Milan, serão US$ 9 milhões nesta temporada. O resto pinga na conta
dos Moreira por meio de contratos publicitários e uma gestão eficiente da
marca 10R. É Assis o administrador deste universo todo, que inclui até revista em quadrinho no traço de Maurício de Souza, o criador da Turma da Mônica. Isso sem mencionar os próprios negócios e movimentos de Assis como empresário no mundo da bola.
— Queremos ser uma surpresa boa. Temos ambição. Não teremos medo dos grandes. Primeiro, o projeto é se estabelecer no Rio Grande do Sul. Depois, o Brasil. Quero contratar jogadores com perfil vencedor para o Gauchão — avisa Assis.
O estádio do Porto Alegre, no antigo Parque Lami, Zona Sul de Porto Alegre, é acanhado. Tem capacidade para três mil pessoas, o que tornaria complicado receber jogos contra Grêmio e Inter. Assis planeja aumentá-lo para 10 mil. Onde jogar não será problema. A prefeitura de Cidreira ofereceu o Sessinzão em regime de comodato. Assis vê a proposta com bons olhos, mas não definiu nada ainda. O Porto Alegre pode mandar jogos no Complexo Esportivo da Ulbra ou
ainda no Passo D'Areia, do São José.
O Gauchão é sempre acusado — e com razão — de não ser parâmetro para a Dupla Gre-Nal medir forçar antes de Libertadores, Copa do Brasil e Brasileirão. Depois do fim do 15 de Novembro e da decadência técnica do Juventude, pode estar surgindo um acréscimo de qualidade na disputa.
O que é interessante não para Assis, Inter ou Grêmio. Mas para o futebol gaúcho.
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