O Eleitor
O eleitor vê o mundo na íntegra, não em fatias
OS ELEITORES
Confira o perfil elaborado a partir das conversas com 470 pessoas dos 41 bairros da cidade, entre 4 de abril e 13 de julho,na série Diário nos Bairros/Eleições 2016
Total de eleitores ouvidos
+ de 500
470 pessoas cadastradas por serem
100% eleitores de Santa Maria
Destes 470 cadastros*:
mulheres
295
(62,7%)
homens
175
(37,3%)
Idade
entre 17 e 83 anos
Grau de instrução
Analfabetos – 0,6% (3)
Fundamental Incompleto – 28,3% (133)
Fundamental Completo – 12,5% (59)
Médio Incompleto – 6,2% (29)
Médio Completo – 33,5% (157)
Superior completo ou em andamento – 15% (71)
Pós-graduação – 3% (14)
Não respondeu – 0,85% (4)
Renda em salários
mínimos regionais
Menos de um – 2,4% (11)
1 a 3 – 62,5% (294)
4 a 6 – 21,3% (100)
7 a 10 – 7% (33)
11 a 20 – 3,6% (17)
mais de 20 – 0,4% (2)
Não respondeu – 2,8% (13)
Interesse pelas
eleições municipais
Nenhum – 69 (14,7%)
Pouco – 75 (16%)
Médio – 116 (24,7%)
Muito – 205 (43,6%)
Não respondeu – 5 (1%)
*Em números exatos e em percentuais arredondados
Nos rostos dos moradores, em todos os recantos da cidade, a equipe do Diário viu expressões de decepção com a política e com os políticos.
Para o cientista político e professor da Unipampa, Guilherme Howes, o gestor municipal deve agir na sua competência, mas não pode se eximir de responsabilidade nas áreas que são atribuídas a outras esferas de governo:
– É o poder público que divide competências e, de fato, não resolve nenhuma. A população percebe o mundo na íntegra, e não dividido em fatias. Para uma pessoa que sai de casa e acessa a rua, estão no mesmo mundo o buraco, a falta de iluminação, o risco de assalto e a falta de emprego.
A solução, para Howes, está no diálogo com associações de bairro e sindicatos, por exemplo, que estão diretamente ligados às demandas da população.
Nos bairros, a reportagem deparou com pessoas que não acreditam que algo ou alguém possa mudar a realidade da localidade em que vivem. Mas também encontrou moradores esperançosos que um futuro melhor pode vir das ações do próximo prefeito. Pessoas como a dona Maria Aldina Ferreira Ajala, 70 anos, que mora no bairro Nova Santa Marta e convive com a violência e com os problemas sociais da comunidade há quase duas décadas. Ela garante que vai continuar votando, mesmo após passar da idade em que o voto é obrigatório, 70 anos.
– Deus me deu um carro, não tenho como dizer que vou a pé – disse a idosa, referindo-se ao direito que cada pessoa tem de escolher os seus governantes.
Para o cientista político e coordenador do Comitê em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito, Benedito Tadeu César, a criminalização da política e dos políticos, em geral em nome do combate à corrupção, acabou por fazer com que as pessoas comuns, que já mantinham um certo distanciamento da política, se afastassem ainda mais dela. A solução, acredita o especialista, está na reaproximação do cidadão com a política, tanto por meio do voto quanto por meio da sua atuação político-partidária.
– Só a atuação consciente e dedicada dos cidadãos tornará possível a superação do quadro de desalento político em que nos encontramos hoje.
As eleições municipais, que ocorrem bem pertinho dos eleitores e em uma instância de governo que detém o poder de interferir diretamente em suas vidas, são uma ótima oportunidade para começarmos a agir – considera César.