Dom Murilo
KRIEGER
FÉ PARA CONSTRUIR
DIÁLOGOS
TEXTO | KARINE WENZEL
A atuação do arcebispo catarinense Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, 73 anos, está longe de se restringir aos limites da Igreja. O homem de voz calma já intercalou a função de arcebispo em Salvador com a de intermediador – por duas vezes esteve à frente das negociações entre policiais militares em greve e o governo baiano.
– Os religiosos devem participar da vida pública, mas não se prender a um determinado partido. Agindo assim, têm uma visão do conjunto da sociedade e podem exercer o seu papel: construir pontes, aproximar as pessoas e criar ambientes de diálogo – resume o primaz do Brasil, título dado ao arcebispo que assume a arquidiocese mais antiga do país.
O papel de Dom Murilo começou a ser definido aos seis anos ao ver o irmão mais velho arrumar a mala para ir ao seminário. Ali decidiu que seria padre. Com 12 anos saiu da cidade que nasceu, Brusque, para seguir os passos do irmão em Corupá, no Norte de Santa Catarina. O sexto filho de uma família de nove irmãos conseguiu o que sempre sonhara e foi nomeado bispo com apenas 41 anos, na época o mais novo do país a assumir o cargo. Como vem de uma família muito unida, foi Dom Murilo quem batizou, crismou e casou quase todos os parentes. Foi nomeado arcebispo de Maringá e Florianópolis e depois de nove anos na Capital catarinense foi chamado para assumir a arquidiocese de Salvador. Também é vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil desde 2015.
A trajetória religiosa e social cheia de capítulos não fez com que o filho de inspetor escolar e professora deixasse de lado outra paixão: os livros. Cursou Letras e admite que se não fosse padre seria professor ou jornalista. É autor de livros como A Paz ao Alcance da Juventude e Se eu tivesse uma câmera digital….
Desde criança, acompanhava o pai, após o jantar, na leitura dos jornais nacionais que chegavam a Santa Catarina com uma semana de atraso. Sempre começava pela seção de Esportes. O futebol, aliás, não ficava apenas na leitura. Ele era o camisa 7 dos campos dos seminários e paróquias. Mas reconhece que “não era lá grande jogador, a vantagem é que corria muito”.
No pouco tempo livre que sobra hoje em Salvador se dedica aos livros. Quando pode, assiste aos jogos do Flamengo e filmes de faroeste, paixões que surgiram ainda na infância, assim como a vocação religiosa.
Em 1961, aos 18 anos, o seminarista em Corupá que gostava de jogar futebol. Crédito: Arquivo pessoal
O arcebispo de Salvador e vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, cargo que ocupa desde 2015. Crédito: Arquidiocese de Salvador, divulgação
ONTEM
Para mim Deus era...
pai
Ser padre era...
falar de Jesus Cristo
Queria aprender a...
comunicar-me
Meu lema era...
aproveitar o tempo
Envelhecer era...
algo distante
Com uma câmera digital, eu faria...
fotos dos amigos
Sonhava em...
ser um padre-professor
O que mais gostava era...
jogar futebol
Meu maior arrependimento foi...
ter perdido um gol num jogo decisivo
Via Santa Cataria como...
o melhor dos Estados
HOJE
Para mim Deus é..
amor
Ser padre é...
fazer o que gosto
Quero aprender a...
ter paciência
Meu lema é...
viver cada dia
Envelhecer é...
valorizar cada momento
Com uma câmera digital, eu faço...
fotos de sobrinhos
Sonho em...
voltar a Lourdes, na França
O que mais gosto é...
ler
Meu maior arrependimento é...
não ter estudado mais
Vejo Santa Cataria como...
um exemplo
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