| 25/07/2005 11h29min
O presidente nacional do PT, Tarso Genro, reagiu à ameaça do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza de desembarcar em Brasília com “quilos de documentos” para fazer denúncias contra o PT e o governo se levar o que chamou de calote e não receber de volta o dinheiro dos empréstimos que diz ter feito ao partido. Tarso disse que só pagará a suposta dívida se Valério apresentar à Justiça documentos que provem os empréstimos. Pela versão contada até agora pelo publicitário e pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares não há recibos para provar que o dinheiro dos empréstimos feitos pelas agências de Valério tenham sido repassados ao PT.
— O partido não pode dar o calote em dívidas que não conhece. Vamos pagar dívidas legalmente contraídas. Marcos Valério que entre em juízo e mostre os títulos — disse Tarso.
Em entrevista no sábado à Folha de S. Paulo e em nota divulgada domingo, Marcos Valério, acusado de ser o operador do mensalão, disse que a direção do PT estaria “arruinando sua reputação” para não pagar dívidas supostamente contraídas, no valor original de R$ 39 milhões. Ele negou a informação publicada pela revista Veja de que teria chantageado o PT e exigido R$ 200 milhões. Valério atribuiu a reportagem a uma suposta declaração de guerra do PT:
– Estão querendo me caracterizar como chantagista para me dar um calote. Não aceito – disse.
— Se alguém o qualificou como chantagista não foi a direção do PT. Da nossa parte, não saiu matéria plantada em nenhum órgão de comunicação. Não estamos plantando ninguém como chantagista — afirmou o presidente do PT. — Ele disse que iria à Justiça em tom de ameaça. Nós não consideramos isso uma ameaça. Isso é um direito. Assim nós veríamos a origem das dívidas.
Apesar da suposta declaração de guerra, tanto o publicitário quanto o presidente do PT reafirmam as versões anteriores de que o dinheiro sacado por parlamentares petistas e aliados provém de empréstimos feitos pelas agências DNA Propaganda e SMP&B e repassados ao ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. Por essa versão, o dinheiro seria do caixa dois da campanha eleitoral.
Segundo a reportagem da Folha, Valério teria avisado que “quem tiver motivos para preocupação pode ir se preocupando”, se o PT não pagar os empréstimos. Tarso defendeu a decisão da executiva do partido de não pagar dívidas não-escrituradas.
— Ele (Valério) deve explicar tudo o que aconteceu. Vamos avaliar a natureza das dívidas. Há dois tipos de gestão temerária: a que assume dívidas que não poderia assumir e a que paga dívidas ilegais. Se são ilegais, não podemos pagá-las. Ontem, em Belo Horizonte, Valério reafirmou que não chantageou o PT ou o governo e que tudo é uma armação do PT para dar calote nos empréstimos feitos legalmente em bancos para o partido:
— Eu não chantageei ninguém. Não tenho motivo para isso. As coisas para mim estão muitas claras. Eu tomei empréstimos juntos a instituições privadas e emprestei ao Partido dos Trabalhadores. Vou tentar uma negociação com o PT. Há dois caminhos: um é o PT não me pagar, negar a dívida; outro é eu entrar na Justiça contra o PT.
As informações da são da agência O Globo.
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