| 30/06/2005 21h15min
A avaliação preliminar de dois membros da comissão de sindicância da Corregedoria da Câmara é que as evidências apresentadas sobre um suposto esquema de pagamento de mesadas pelo PT a deputados da base aliada são insuficientes para provar sua existência. O que as investigações parecem mostrar, segundo um dos dois parlamentares, são transferências de dinheiro de caixa dois entre os partidos, recursos esses que poderiam vir de empresas estatais.
Os deputados ouvidos pediram para não serem identificados. Mesmo evitando exprimir sua própria impressão das investigações, um terceiro membro da comissão admitiu que essa avaliação estaria no “caminho certo".
A Corregedoria investiga acusações feitas pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) sobre um suposto pagamento de R$ 30 mil por mês a deputados do PL e do PP e denúncias de que Jefferson estaria envolvido em corrupção nos Correios. Entre suas denúncias, Jefferson disse ter havido um acordo eleitoral financeiro entre PT e PTB no valor de R$ 20 milhões, dos quais apenas R$ 4 milhões teriam sido pagos, sem declaração à Justiça eleitoral. Em seu depoimento à Corregedoria, no entanto, o presidente do PT, José Genoino, negou o acordo.
Até agora a comissão trabalha com dois depoimentos fundamentais: o do publicitário Marcos Valério Fernandes, sócio das agências SMPB e DNA, acusado por Jefferson de ser operador do pagamento de mesadas; e do ex-chefe de departamento de compras dos Correios Maurício Marinho, flagrado num vídeo recebendo propina e envolvendo Jefferson. Outro pilar da apuração da Corregedoria, o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, apontado como um dos responsáveis pelo esquema de mesadas, ainda não foi ouvido.
Para um dos deputados presentes aos depoimentos, Marcos Valério deu respostas bastante seguras, apesar de ter evitado revelar o destino dado aos cerca de R$ 21 milhões sacados em dinheiro entre junho de 2003 e maio de 2005, enquanto Marinho foi mais confuso. O publicitário depôs na noite de quarta-feira por cerca de uma hora e meia, depois de falar por cerca de nove horas na Polícia Federal. Ele negou ser operador do suposto esquema, apresentou diversos documentos e disse que os saques e a coincidência com suas viagens a Brasília eram causais.
A comissão de sindicância, composta por cinco deputados, ouviu, considerando os depoimentos desta quinta-feira, 33 pessoas. Seus trabalhos serão interrompidos no período do recesso parlamentar de julho, que começa após a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), o que deve ocorrer na próxima semana.
As informações são da agência Reuters.
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