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 | 03/07/2009 19h17min

Torcedores relatam drama vivido no Estádio Olímpico

Três casos de pessoas que foram vítimas da violência

Carlos Guilherme Ferreira  |  carlos.ferreira@zerohora.com

Enquanto a bola rolava para a segunda partida entre Grêmio e Cruzeiro, pelas semifinais da Copa Libertadores da América, torcedores entravam em conflito com a Brigada Militar na tentativa de entrar para acompanhar o jogo. Conheça três casos de pessoas que passaram pelo drama na noite de quinta-feira.
 
Renan apanhou na cabeça

Para muitos torcedores do Grêmio, a noite da desclassificação para o Cruzeiro foi inesquecível – no pior sentido possível. Devido à ação enérgica da Brigada Militar (BM), houve gente como o estudante Renan Zucatti, 22 anos, que acabou no HPS. Ele não viu o jogo e ainda teve de ferimentos no braço, que está enfaixado, e na cabeça.

– Depois dessa, não voltou mais ao Olímpico tão cedo – prometeu.

Renan foi agredido em frente ao portão 13, por volta de 21h15min. Estava na fila para entrar e acabou empurrado pela multidão no momento em que começou a ação da BM e o portão foi fechado. Se viu diante dos escudos dos policiais e levantou os braços, em atitude repetida pelo irmão que o acompanhava. De nada adiantou: sofreu três pauladas de cassetete, a última na cabeça, que o derrubou.

O torcedor conta que sequer tentou perguntar a alguém do Grêmio o que estava acontecendo, por medo de novas agressões. Tentou ir ao posto policial no estádio, mas desistiu. Aí, foi ao HPS.
 
Fernando viu crianças chorando

O sócio Fernando Weschenfelder, 28 anos, conta que ouviu os policiais gritarem "lotou, lotou" em frente ao portão 5. Também por volta das 21h15min, afirma que a polícia dizia que o fechamento do portão era ordem da direção. Isso até aparecer a cavalaria.

– A torcida corria em direção aos carros para tentar se proteger. Havia mulheres e crianças chorando. Foi uma cena de terror – descreveu.

Fernando conseguiu entrar no estádio pouco antes do segundo gol do Cruzeiro, mas antes afirma ter visto um policial identificado como Dione atacando diversos torcedores com pauladas na cabeça. Houve uso de espadas, gás de pimenta e cassetetes. Também deboche, garantiu:

– Eles falavam: "Já tão perdendo e querem entrar. Vão para casa!".

Fernando planeja deixar de ser sócio do Grêmio.
 
Samuel acabou preso

Samuel dos Reis, 24 anos, de Novo Hamburgo, passou o primeiro tempo inteiro na cela do posto de triagem do Olímpico. Isto porque, afirma, pediu a três brigadianos que não agredissem uma menina.

– Me pegaram pelo braço e me levaram para uma cela. Disseram: "Fica aí, mofando" – contou.

Sócio, o torcedor alega que em nenhum momento houve justificativa para a prisão, e que os policiais que cuidavam da cela também desconheciam o motivo. Só aconteceu liberação porque Samuel insistiu na argumentação.

Antes da prisão, ele caminhou repetidas vezes entre os portões 10 e 16. Viu cenas de agressão e de torcedores pedindo para não apanhar, sem sucesso.

 
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