| 15/10/2005 17h07min
A proposta do ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, para evitar que o PT se desgaste na definição do nome para concorrer ao Piratini em 2006 é que o partido antecipe para este ano a escolha de seu candidato. Com a idéia de antecipação do calendário, Rossetto expressa um sentimento que cresce no PT gaúcho. As derrotas eleitorais de 2002 e 2004 e a crise política de 2005 ensinaram ao partido que o atalho para retomar o poder é a unidade interna.
Todos no PT sabem que a busca do consenso é árdua. Além do próprio Rossetto, Olívio Dutra e Tarso Genro se movem nos bastidores para obter a candidatura ao governo do Estado. Mesmo assim, o ministro sugere que o partido inicie o ano da eleição com concorrente escolhido, programa pronto e sigla em paz.
Antes da hecatombe política que atingiu o PT nacionalmente, o partido trabalhava com duas certezas no Rio Grande do Sul: não faria prévias e tentaria ampliar a política de alianças. Agora, os comandantes da estratégia petista para 2006 sabem que os aliados dificilmente estarão além das fronteiras da antiga Frente Popular, ou seja, no PC do B e no PSB.
Sobrou a perspectiva de não consultar os filiados diretamente para escolher o candidato. Olívio já disse que não disputa a indicação e que aceitaria apenas a unção como nome de consenso. Rossetto só disputaria uma prévia se o adversário fosse Tarso. O ex-ministro da Educação garante que, no que depender dele, prévias são coisa do passado.
Apesar de ter recebido mais de R$ 1 milhão do esquema montado pelo empresário Marcos Valério de Souza, o PT gaúcho acredita que é possível neutralizar a contaminação. O papel desempenhado por Tarso, ao assumir a presidência nacional no auge das denúncias, e por Pont, que levou a esquerda partidária a um inédito segundo turno na eleição nacional, seriam sinais de vitalidade.
Independentemente do nome, o discurso já está pronto. O PT gaúcho atacará a gestão Germano Rigotto, a quem
criticará por inapetência
administrativa, falta de projetos e incapacidade de resolução da crise financeira do Estado. Na opinião dos petistas, a possibilidade de Rigotto não concorrer à reeleição traz vantagens e desvantagens. Por um lado, o favoritismo de Rigotto não seria enfrentado, o que poderia facilitar o caminho de retorno ao Piratini. Por outro, o PT se armava para uma campanha de crítica e contraponto à gestão Rigotto, estratégia que se enfraquece na medida em que o governador não estiver pessoalmente na disputa.
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