A Biofach 2005, maior feira de produtos orgânicos do mundo, foi encerrada neste domingo, dia 27, na Alemanha, com resultados surpreendentes para o Brasil. A delegação recorde de expositores brasileiros superou sua meta de duplicar o volume de negócios realizados na feira anterior, e a apuração de negócios fechados e prospectados somou US$ 31,4 milhões, contra US$ 15 milhões em 2004. Maior feira do mundo de produtos orgânicos, a Biofach teve este ano o Brasil como país-tema.

– Os números reais devem ser ainda melhores, pois muitas empresas preferem estimar e divulgar cifras mais modestas – festejou Eduardo Caldas, gerente de projetos da Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex).

A maior parte das exportações acertadas terá Alemanha, Estados Unidos, Itália e Holanda como destino, mas produtos orgânicos brasileiros também seguirão, em breve, rumo à Eslovênia, Turquia, Marrocos, Emirados Árabes e Israel, entre outros países.

A Câmara Brasil-Alemanha de Indústria e Comércio (AHK-Brasil) realizou 59 rodadas de negócios e, de acordo com dados dos expositores, eles realizaram 1,1 mil contatos comerciais ou institucionais. Calcula-se que 7,5 mil visitantes passaram pelos corredores e estandes brasileiros e que a praça de degustação atendeu duas mil pessoas em quatro dias. A
noite de gala brasileira, no sábado, reuniu 1,8 mil participantes.

– A avaliação geral é muito positiva sob todos os aspectos, pois a delegação compôs-se de grupos com expectativas diferente – afirmou Gabriel Brennauer, vice-presidente de Assuntos Associativos e Controlling da AHK-Brasil.

Ele informou que a direção da Biofach comentou que o Brasil foi o primeiro país a saber aproveitar a oportunidade de ser país-tema para se posicionar perante o mercado como produtor de orgânicos.

Para Rogério Dias, do Ministério da Agricultura (Mapa), o evento demonstrou a vontade política do governo brasileiro em desenvolver a agricultura orgânica no país. Dias assegurou que, mesmo o Brasil não sendo tema nas próximas Biofach, a feira em Nurembergue continuará entre as prioridades do ministério.

Consultora do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Maria Antônia Moreira ficou satisfeita com os resultados dos quase 20 projetos de agricultura familiar apoiados pelo ministério na feira, apesar de nem todos receberem encomendas.

– Eles vieram aqui para aprender, conhecer a feira e os concorrentes. Verificaram que não podem prescindir de material de divulgação em língua estrangeira – observou.

A participação na feira não rendeu apenas exportações. Especialmente os pequenos produtores encontraram entre os conterrâneos possíveis parceiros de negócios. Para muitos agricultores familiares ou associações de pequenos produtores, os contatos foram tão bons que suas safras deste ano estão praticamente vendidas e já podem começar a pensar em aumentar suas produções em 2006.

Para Ricardo Villela, do Sebrae, o sucesso resultou da boa articulação entre as várias instituições organizadoras da presença brasileira. Além da Apex, da Câmara Brasil-Alemanha e do Sebrae, participaram da iniciativa os ministérios do Desenvolvimento Agrário (MDA) e da Agricultura (Mapa).