| 27/01/2005 11h54min
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi muito aplaudido pelos participantes do 5º Fórum Social Mundial na manhã desta quinta, dia 27, mas recebeu vaias de um pequeno grupo formado por militantes do PSTU e PSol. Demonstrando tranqüilidade, o presidente disse estar acostumado "com este som, este burburinho".
– Esse ruído sai da boca dos que não têm paciência para ouvir a verdade, mas não me incomoda porque é um som que faz parte da democracia.
O ginásio Gigantinho foi tomado por milhares de participantes do FSM durante o lançamento da Chamada Global contra a Fome e a Pobreza. A conferência foi aberta pelo diretor do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), Cândido Grzybowski, que afirmou que a idéia da conferência "é pressionar os governantes e homens que têm poder para conseguirmos eliminar a fome e a pobreza no mundo".
Lula iniciou seu pronunciamento falando das mudanças políticas ocorridas nos últimos anos na América Latina a partir da eleição de políticos de esquerda na Argentina, Uruguai e Venezuela.
– A gente vai perceber que a evolução política na América do Sul está permitindo não apenas sonhar que um outro mundo é possível, mas está permitindo que se construa um outro mundo.
O presidente brasileiro lembrou que nos últimos anos a integração entre as nações da América do Sul cresceu muito, contribuindo para a ruptura da visão de que os países sul-americanos devem se relacionar apenas com a Europa e Estados Unidos. Lula lembrou ainda do trabalho que o governo brasileiro vem realizando junto a nações pobres da África.
– Eu, em dois anos, visitei mais países da África do que todos os presidentes na história do meu país. E fiz isso porque o Brasil tem responsabilidade com a África. Nós somos a segunda nação negra do mundo, depois da Nigéria. E uma parte do que o Brasil é se deve à África – disse Lula, acrescentando que fará tantas visitas quantas fossem necessárias até descobrir o que um país como o Brasil pode fazer para ajudar nações mais pobres.
Lula falou também de sua visita aos países árabes, à Índia e à China, citando a criação do G3 (Índia, Brasil e África do Sul) e G20 (bloco de 20 países em desenvolvimento), lembrando que as nações pobres precisam se unir para trocar idéias, iniciativas e "encontrar uma saída".
– Ou nós nos juntamos, ou nós não teremos saída.
O presidente reafirmou sua intenção de lutar pela integração entre o Mercosul e a União Européia, e destacou que as conquistas brasileiras junto à Organização Mundial do Comércio contra países ricos só foram possíveis graças à pressão dos países em desenvolvimento.
A respeito das vaias que recebeu, Lula disse que não se preocupa com a atitude dos "filhos rebelados do PT" (referindo-se a militantes do PSTU e PSol), "porque todo jovem se rebela". O presidente afirmou que estará de braços abertos para receber os "filhos pródigos". Ele também elogiou a atuação de seus ministros, destacando as principais realizações de cada ministério nos últimos dois anos e o crescimento do país.
– Eu sou um homem perseverante. Eu sou daqueles que acreditam que tudo tem que ser feito a seu tempo, que é preciso dar passos pequenos, e não um passo maior que a perna e depois ficar na geladeira três meses.
O presidente lamentou a saída do Fórum Social Mundial de Porto Alegre.
– Eu não sou gaúcho, mas se o Fórum pudesse continuar aqui no Rio Grande do Sul seria uma alegria não apenas para o gaúcho, mas para o brasileiro.
A conferência foi acompanhada pelos ministros Tarso Genro (Educação), Olívio Dutra (Cidades), Gilberto Gil (Cultura), Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário), Dilma Rousseff (Minas e Energia), Marina Silva (Meio Ambiente), Luís Dulce (ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República), Nilmário Miranda (secretário nacional de Direitos Humanos), Nilcéa Freire (secretária especial de Políticas para Mulheres) e Matilde Ribeiro (secretária especial de Politicas de Promoção da Igualdade Racial).
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