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 | 17/03/2008 18h10min

Tudo indica que a crise é de grandes proporções, diz Mantega

Ministro da Fazenda destaca situação sólida do Brasil, mas afirma que é inevitável que mercado seja afetado

Atualizada às 18h25min

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu nesta segunda-feira que a crise externa nos mercados financeiros é de "grandes proporções".

— Tudo indica que essa crise é de grandes proporções. A cada dia ela parece um pouco maior. Alguns já começam a falar numa crise parecida com a de 29 — disse ele, em nova entrevista, na portaria do ministério.

O ministro voltou a afirmar que o Brasil está sólido, é um porto seguro e pode passar pela crise com a menor conseqüência possível.

Mantega admitiu que poderá haver saída de capital externo por meio de instituições financeiras que precisam cobrir "buracos" lá fora, mas reforçou que não há repercussões no investimento, consumo e atividade econômica no Brasil em decorrência da crise.

— As conseqüências são esses movimentos no mercado de renda variável — afirmou.

Ele disse porém, que as ações do banco central norte-americano podem ajudar os mercados.

— Acredito que as medidas do Fed, como a redução da taxa de redesconto em 0,25 ponto e a reunião de amanhã, onde certamente haverá nova queda das taxas de juros, poderão acalmar os mercados — disse.

O ministro destacou que a economia brasileira tem rápida capacidade de recuperação. Ele avaliou ainda que o Brasil continua merecendo a confiança dos investidores e lembrou que o jornal inglês The Guardian publicou reportagem mostrando que o Brasil é um porto seguro.

— Estamos no porto seguro. É claro que algumas conseqüências acontecem aqui no Brasil, mas nós poderemos passar por essa crise com as menores conseqüências possíveis — avaliou.

Apesar de admitir o agravamento da crise, o ministro afirmou que não há necessidade de aumento dos juros no Brasil por conta da turbulência.

— Aqui no Brasil, não há necessidade de aumentar os juros. Pelo contrário, as taxas de juros estão baixando. Nos EUA, elas baixaram — disse.

Segundo ele, a preocupação é com o impacto da crise no nível de atividade e no crédito. Mantega acrescentou que há um grande problema de crédito, referindo-se à crise internacional, e o que deve ser feito é impedir que esse problema se espalhe:

— Isso é tarefa dos BCs americano e europeu, frear a extensão da crise e o contágio de todas as economias.

Segundo fontes, em reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ministros do grupo de Coordenação Política, Mantega, afirmou que o governo está atento à crise do mercado externo e às suas possíveis repercussões na economia brasileira, informaram há pouco participantes do encontro.

Segundo relato dessas fontes, ele voltou a advertir que a situação econômica internacional "é delicada" e mencionou, como evidência disso, a quebra do banco Bears Sterns, que acaba de ser comprado pelo JP Morgan.

Mantega, de acordo com o relato, afirmou na reunião, realizada no Palácio do Planalto, que têm sido "produtivos" os resultados das medidas que o governo adotou na área cambial com o objetivo de incentivar as exportações, prejudicadas pela desvalorização do dólar em relação ao real.

Segundo o ministro da Fazenda, a situação da economia brasileira, apesar do quadro internacional, "é bastante positiva".

Mantega mencionou como fatos recentes favoráveis à economia brasileira aprovação do orçamento da União de 2008 pelo Congresso e o crescimento de 5,4% da economia em 2007, divulgado na semana passada.

Agência Estado
Sebastião Moreira, EFE / 

Investidores estão nervosos após a compra do banco Bear Stearns
Foto:  Sebastião Moreira, EFE


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