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 | 14/02/2008 19h14min

Polêmica e dramas infantis marcam o dia no Festival de Berlim

Houve protesto contra o filme alemão Feuerherz , de Luigi Falorni

O filme alemão Feuerherz, baseado na história de uma criança-soldado da Eritréia e imerso na polêmica sobre a veracidade do que narra, marcou esta quinta-feira em um Festival de Berlim que entra na reta final saturado de dramas infantis.

A história de uma menina de dez anos entregue por seu pai ao Movimento de Libertação da Eritréia dividiu a jornada com o drama Il y a longtemps que je t'aime, de Philippe Claudel, e com o filme israelense Restless, sobre uma relação tensa entre pai e filho.

Feuerherz, dirigido por Luigi Falorni, baseia-se no best-seller autobiográfico de mesmo título de Senait Mehari, uma eritréia-alemã que conta ter sofrido na pele a situação. A personagem do filme é uma menina que vive nos anos 80 e passa da segurança de uma escola de missionárias na Eritréia a um campo de treinamento do movimento de libertação.

— É um tema tabu na Eritréia, mas a verdade é que o movimento de libertação usou crianças-soldado, está documentado — disse Falorni, defendendo a veracidade do que conta e se distanciando, como vem fazendo há semanas, das supostas mentiras relatadas no livro, com o argumento de que apenas o tomou como base.

Enquanto Falorni se explicava durante a entrevista coletiva, um homem distribuía folhetos contra o filme e o livro próximo dali.

— Freqüentei a mesma escola que a autora e sei que a história é falsa. Tudo é uma mentira, para vender o livro. Eritréia não é Serra Leoa. Ali não houve crianças-soldado de dez anos, muito menos nos anos 80 — explicou o solitário manifestante.

A atriz Kristin Scott Thomas acabou conseguindo emocionar os espectadores em Il y a longtemps que je t'aime, uma produção que mostra o drama de uma mulher que acaba de deixar a prisão sem revelar a ninguém o porquê de ter matado seu filho de seis anos. Kristin suporta todo o peso do filme, com uma atuação densa e impecável o tempo todo. O filme, porém, decepciona quando chega a hora de revelar ao espectador o segredo da assassina. Nem o talento da atriz salva o momento.

Restless, de Amos Kollek, retrata o desengano israelense através de uma dupla perspectiva. De um lado, a de um judeu de Manhattan, pregador e poeta em um clube noturno, que fascina a platéia com recitais que vão do patriótico ao anti-semitismo. De outro, seu filho, um franco-atirador do Exército israelense que é desligado do serviço porque seus superiores acreditam que tenha entrado em crise.

EFE
 

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