| 30/01/2008 17h48min
O Itamaraty não considera que a suspensão das importações de carnes brasileiras pela União Européia (UE), ditada por Bruxelas, afetará a posição do Brasil na Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) nem em uma eventual retomada das negociações do acordo de livre comércio entre o Mercosul e o bloco europeu.
Diplomatas brasileiros avaliam que esse embargo deve ser considerado como um caso isolado nas relações bilaterais, uma vez que se trata de um volume de importações equivalente a apenas 5% da demanda européia. Mas acreditam que tanto a Rodada Doha quanto o acordo birregional poderão contornar essa e futuras tendências protecionistas da UE.
Para o Itamaraty, a decisão da UE foi largamente preanunciada e seria efetivada em qualquer momento, como medida camuflada de proteção aos produtores locais, sobretudo os da Irlanda.
A resistência dos pecuaristas brasileiros em adotar um sistema de rastreabilidade do gado, conforme as exigências
européias, teria alimentado a decisão
final de Bruxelas.
No momento, além do diálogo bilateral, as alternativas para romper esse embargo e preservar o mercado já cativado pela produção brasileira são reduzidas.
O governo brasileiro mostra-se de mãos atadas para resolver essa questão. A pequena participação das carnes brasileiras no mercado europeu praticamente anula qualquer influência sobre a formação de preços ou a oferta — indicadores que poderiam gerar pressões internas em favor da abertura do mercado ao produto do Brasil.
Embora discriminatória, a medida adotada por Bruxelas não deverá estimular o país a pedir a arbitragem da OMC. Primeiro, porque esse processo se alongaria por, no mínimo, dois anos. Segundo, porque os europeus tenderiam a voltar seus holofotes para problemas reais ou fictícios da produção pecuária brasileira, fato que acarretaria em prejuízos para o setor em outros mercados.
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