| 30/01/2008 13h22min
Já dura cerca de duas horas a reunião do secretário de Defesa, Inácio Kroetz, do Ministério da Agricultura, com representantes da cadeia produtiva da carne bovina, em Brasília. No início da tarde, chegou ao encontro o diretor do Departamento de Economia, Carlos Cozender, do Itamaraty, que não quis dar detalhes sobre o motivo de sua presença no Ministério da Agricultura.
De acordo com o superintendente-executivo, Luiz Becker Karst, da Secretaria de Agricultura de Goiás, que participa do encontro, Cozender foi chamado a participar das discussões para tentar definir uma estratégia diplomática em relação ao embargo da União Européia (UE) à carne bovina brasileira, anunciado nesta quarta-feira.
Karst fez duras críticas à posição dos europeus e também com relação ao governo brasileiro sobre a questão.
— É uma desmoralização. Mostra que o Brasil não deixou de ser uma colônia de exploração dos europeus. Essa questão é política, de soberania nacional, e não
tem nada a ver com a qualidade da
carne brasileira — disse.
Ainda de acordo com ele, o clima no encontro é de indignação, já que o governo delegou aos Estados o trabalho de auditoria das propriedades rurais, que foram depois desqualificadas pela UE.
O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, continua em cerimônia oficial de recepção ao presidente do Timor Leste, José Ramos Horta, no Palácio do Planalto. De acordo com a assessoria de Stephanes, não é possível afirmar se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já conversou com o ministro sobre o embargo europeu.
OMC e críticas ao processo de rastreabilidade
O secretário de Agricultura de São Paulo, João Sampaio, defendeu que o Brasil faça uma representação formal junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) para questionar o embargo da UE à carne bovina nacional.
— Ficou claro que a decisão é política e não técnica e, se o Brasil confia na sua sanidade,
realmente o Itamaraty tem de endurecer as negociações — disse Sampaio, por
telefone.
O secretário voltou a criticar o processo de rastreabilidade exigido pela UE para importar a carne brasileira:
— A UE define o que quer, negocia com o Ministério da Agricultura, que não produz boi, e os produtores têm de se adequar às exigências.
Sampaio é pecuarista em Mato Grosso e teve uma das propriedades da família auditada pelo governo brasileira para ser capacidade para exportar à UE. No entanto, de acordo com ele, por ter número de animais diferente do registrado no Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina (Sisbov), a propriedade não foi considerada dentro das regras.
Por fim, Sampaio defendeu que haja uma ampla discussão que envolva toda a cadeia, desde o produtor até o importador, para definir uma regra única sobre o assunto.
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