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 | 07/04/2007 14h46min

Por que não temer uma nova greve de controladores de vôo

Entenda alguns dos motivos pelos quais não deve haver uma nova paralisação

Desgaste da categoria

Ao se amotinar, os controladores não provocaram apenas a ira da Aeronáutica - e mais tarde a do governo -, mas foram alvo de críticas ferozes da opinião pública. Acabaram personalizando a culpa da longa crise aérea para milhares de passageiros confinados em aeroportos. A mancha na imagem levou ao pedido de perdão em nota da Associação Brasileira dos Controladores de Tráfego Aéreo (ABCTA).

- Foi uma manifestação inequívoca de que foram induzidos a acreditar que poderiam deixar de ser militares e passar a ser civis sem a perda dos benefícios da carreira - avalia Albuquerque.

- Os controladores tomaram atitudes desastradas, mas apontam para questões de precisam ser resolvidas e não podem ser transformados em bodes expiatórios - rebate Martins Filho.

Temor das punições

Um inquérito policial militar (IPM) foi instaurado para apurar a responsabilidade pelo movimento dos sargentos. A previsão é de que o Ministério Público Militar ofereça denúncia contra 18 controladores, no mínimo, ou até 140, no máximo. Nesse ponto, para piorar a situação dos controladores, governo e oposição estão de acordo.

- Eles sabem que um motim tem conseqüências dentro das Forças Armadas. E estão vendo que o IPM já está correndo - diz Albuquerque.

A dureza da pena surpreende civis num país marcado pela impunidade.

- A Justiça Militar está para a Justiça como a música militar está para a música - compara o especialista em risco Alexandre Barros, ao avaliar que essas regras só deveriam ser usadas em caso de guerra.

- Isso é normal em todas as armas em vários países. Para uma visão civil é duro, mas é milenar, é da tradição. Permitir fissuras na disciplina dá condições para que apareça um problema maior - sustenta Geraldo Cavagnari.

Reação das Forças Armadas

Não foi só a Aeronáutica, diretamente envolvida na insubordinação, que reagiu ao acordo que previa a possibilidade de que os envolvidos na paralisação do dia 30 não fossem punidos. A preocupação com o risco de que a insatisfação salarial de seus praças alimentasse o mesmo tipo de conduta fez com que Exército e Marinha manifestassem solidariedade, por meio de oficiais de alta patente protegidos pelo anonimato. Comparações com episódios de quebra de hierarquia que antecederam o golpe militar de 1964 apressaram a compreensão da gravidade do precedente para as Forças Armadas dentro do governo.

- Na conjuntura em que vivemos não existe ambiente para a tomada de posição dessa natureza pelas Forças Armadas, o que não quer dizer que não se deva tomar medidas duras - pondera Cavagnari.

Perda do elemento-surpresa

Inédito na história do país, o movimento que parou as atividades do centro de controle de Brasília só terminou com a aceitação total das reivindicações - ao menos temporariamente - porque o governo precisava superar a situação.

- Eles perderam o elemento-surpresa, agora todos estão preparados para um movimento como esse, que não teria as mesmas conseqüências, inclusive no tráfego aéreo internacional - avalia João Roberto Martins Filho, presidente da Associação Brasileira de Estudos de Defesa.

Durante a última semana, a Aeronáutica determinou que bases aéreas entrassem em prontidão e começou a preparar militares que atuam na defesa do espaço aéreo se preparassem para atuar também no controle de tráfego civil. Foi, enfim, adotado um plano de contingência, com potencial ao menos para amenizar os efeitos de uma paralisação.

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