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 | 21/03/2007 11h02min

Crise aérea pressiona troca do ministro da Defesa

Aldo Rebelo e José Sarney são cogitados para cargo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou a estudar nomes para substituir o ministro da Defesa, Waldir Pires, cuja situação tornou-se praticamente insustentável com o novo caos aéreo instalado nos aeroportos do país nos últimos dias. Há dificuldades, no entanto, para encontrar quem esteja disposto a assumir uma pasta cheia de complicações, com potencial de atrito com os comandantes militares e na mira de uma eventual CPI para investigar a crise da aviação.

Segundo um político com trânsito no Palácio do Planalto, a saída de Pires tornou-se uma questão de tempo. Também deteriorou-se a chance de permanência do presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, que conta com a simpatia de setores do PT e do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, para manter-se no cargo. São candidatos ao comando da estatal o ex-senador Fernando Bezerra (PTB-RN) e o ex-deputado Airton Soares, integrante do conselho da Infraero.

A indicação do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) voltou a ser cogitada para a Defesa. Parlamentares próximos de Lula avaliam que, em um momento de forte pressão para a criação da CPI do Apagão Aéreo, Aldo seria capaz de lidar bem com os holofotes acesos por uma comissão de inquérito. Ele conhece bem os assuntos militares, tem prestígio junto a altos oficiais das Forças Armadas e dialoga bem com a oposição no Congresso.

No entanto, há um problema: ainda ressente-se do tratamento que recebeu do Palácio do Planalto na eleição para a presidência da Câmara, no início de fevereiro, quando dispensou a oferta de um ministério como "prêmio de consolação" para a derrota contra Chinaglia.

Em conversas recentes com assessores, Lula chegou a mencionar o ex-presidente e senador José Sarney (PMDB-AP) como o nome ideal para a Defesa. Já se cogitou também a indicação do senador Francisco Dornelles (PP-RJ), mas a avaliação de aliados do presidente é que o partido ficaria com uma representação desproporcional na Esplanada, pois continuará a comandar o Ministério das Cidades, com Márcio Fortes, no segundo mandato.

Uma dificuldade adicional para a escolha de um novo ministro da Defesa é o espaço reduzido para a indicação de afilhados políticos na estrutura da pasta, que tem a Infraero como sua principal autarquia ou empresa estatal vinculada. Apesar de ter investimentos planejados de R$ 6 bilhões até 2010 e superintendências nos principais aeroportos do país para acomodar indicações, o momento não é propício para a cobiça dos partidos, com a mira de uma CPI.

Além disso, o ministro da Defesa acumula a função de presidente do conselho de administração da Infraero e é quem, em última instância, responde por eventuais irregularidades do ponto de vista jurídico.

Os atrasos nos vôos diminuíram ontem e a situação era bem mais tranqüila nos principais aeroportos do país, incluindo Congonhas e Brasília. Mesmo assim, 15,5% dos vôos previstos para decolar entre 0h e 20h saíram com atraso superior a uma hora, de acordo com balanço divulgado pela Infraero. Na segunda-feira, 29% dos vôos tiveram atrasos.

O Comando da Aeronáutica abriu uma investigação para apurar as causas das falhas no sistema de informática usado no Cindacta-1, no último domingo, que precipitaram os problemas de controle de tráfego. Já o presidente Lula sancionou uma lei (originalmente medida provisória) que autoriza a contratação de controladores de vôo, sem concurso, para suprir a falta de pessoal. Em vez de dezembro de 2007, a validade dos contratos foi convertida para dois anos.

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