| 08/03/2007 15h27min
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, começa hoje uma visita à Argentina e à Bolívia em uma viagem que coincide com o giro de seu desafeto, o presidente norte-americano, George W. Bush, por cinco outros países latino-americanos, incluindo o Brasil. Chávez deve chegar a Buenos Aires na noite desta quinta-feira, coincidindo com aterrissagem de Bush em São Paulo.
Durante a visita, serão assinados vários acordos econômicos, com destaque para os ligados ao setor agrícola, especialmente em matéria de cooperação na indústria do gado, segundo o líder venezuelano.
Menos de um mês após sua última reunião na cidade venezuelana de Puerto Ordaz, Chávez e seu colega argentino, Néstor Kirchner, almoçarão amanhã em Buenos Aires antes de o presidente venezuelano participar de um ato anti-Bush organizado por grupos sociais e políticos em um estádio portenho.
O evento, para o qual também foram convidados os presidentes do Equador, Rafael Correa, e da Bolívia, Evo
Morales, acontecerá no dia em que Bush
deixará São Paulo, primeira escala de sua viagem latino-americana, com destino ao Uruguai.
Curiosamente, Bush se reunirá com o presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, no departamento (estado) de Colônia, a poucos quilômetros de Buenos Aires.
Chávez também deve visitar uma unidade da empresa de laticínios argentina SanCor, financiada pelo governo venezuelano com US$ 135 milhões, segundo os acordos selados por Buenos Aires e Caracas em fevereiro.
Fontes oficiais venezuelanas disseram que as relações entre os dois governos são excelentes, como demonstram os freqüentes contatos entre Kirchner e Chávez. No recente encontro em Puerto Ordaz, Chávez e Kirchner presidiram a assinatura de 17 acordos e memorandos de entendimento, entre eles convênios energéticos entre as estatais petrolíferas Enarsa, da Argentina, e PDVSA, da Venezuela, e acordaram a criação do Banco do Sul.
Com sede principal em Caracas e uma subsede em Buenos Aires, o Banco do
Sul terá como objetivo ajudar, segundo Chávez, a
América Latina a alcançar "sua independência financeira" em relação a organismos como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial. Segundo o líder venezuelano, estes são instrumentos a serviço dos Estados Unidos.
O Banco do Sul começará com um capital formado por 10% das reservas internacionais da Argentina e da Venezuela, o que representa cerca de US$ 7 bilhões.
Antes do Banco do Sul, Venezuela e Argentina fizeram recentemente uma segunda oferta pública conjunta de títulos de dívida, os chamados "Bônus do Sul", em um total de US$ 1,5 bilhão. A iniciativa foi um sucesso, com uma demanda nove vezes maior que o total da emissão.
Após sua visita à Argentina, Chávez partirá no sábado rumo à Bolívia, onde visitará a cidade de Trinidad, capital do departamento do Beni, o mais castigado pelas inundações que assolam o país.
O governo venezuelano doou US$ 15 milhões para ajudar a Bolívia a enfrentar a catástrofe natural, e
participa de uma "ponte aérea", reforçada com aviões
cubanos, para transportar alimentos e materiais de socorro para os desabrigados.
Esta contribuição venezuelana complementou-se com a doação de dois helicópteros franceses, classe "Alouette", e com a participação de cinco helicópteros Mi-17, recentemente comprados da Rússia, nos trabalhos de resgate.
Setores esquerdistas de Argentina e Bolívia anunciaram que o outro lado da moeda das demonstrações de apoio a Chávez, nas quais prometem mobilizar um grande número de pessoas, serão as manifestações de rejeição à presença de Bush na América Latina.
O próprio Chávez disse, em recentes declarações, que Bush lembrou "tarde" da América Latina, e que o objetivo da viagem deste é "deter e dividir" movimentos de integração latino-americanos.
Para o governo venezuelano, a visita de Bush não apenas é fora de tempo, como vem a reboque, da mesma forma que as promessas de ajuda, da influência angariada por Chávez na região.
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