| 15/11/2006 08h10min
O apoio do presidente reeleito Luiz Inácio Lula da Silva à candidatura do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, na eleição do dia 3, foi criticada ontem por um dos diretores do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) daquele país, Vicente Díaz. Díaz considerou as declarações de Lula, durante visita a Ciudad Guayana, na segunda-feira, uma "intervenção grosseira nos assuntos internos" do país. Ele também criticou o parlamentar do PP espanhol Jaime Mayor Oreja, que atacou Chávez na semana passada quando esteve em Caracas para fazer campanha pelo candidato de oposição, Manuel Rosales.
- O presidente do Brasil não tem nada que vir opinar sobre as eleições da Venezuela. Isso tem de ser condenado por qualquer cidadão venezuelano que se respeite - afirmou, em entrevista à televisão estatal.
E acrescentou:
– Nós não queremos aqui nem os Estados Unidos, nem os cubanos,
nem os brasileiros, nem os espanhóis dando opinião sobre assuntos que são
estritamente venezuelanos.
Na segunda-feira, Lula agiu como cabo eleitoral do presidente da Venezuela em Ciudad Guayana, ao participar com ele da inauguração de uma ponte rodoferroviária sobre o Rio Orinoco, construída pela empreiteira brasileira Odebrecht. Num palanque, diante de 30 mil pessoas, o presidente reeleito declarou que, assim como Chávez, tornou-se "vítima da incompreensão e do preconceito" da imprensa, do empresariado, dos banqueiros e de ex-governantes durante as eleições.
Lula disse que, na primeira viagem oficial à Venezuela, em 2003, ficou impressionado com as "agressões" da imprensa local a Chávez.
– Jamais imaginei que isso podia acontecer no Brasil. Aconteceu o mesmo, querido companheiro – discursou.
O diretor do CNE da Venezuela avaliou que esse tipo de declaração
cria um "ruído" nas relações entre a os dois países:
– O que vai acontecer se quem ganhar esta eleição não for o candidato que Lula apoiou? Esse candidato teria uma opinião muito particular de um Estado que é nosso vizinho e vai continuar sendo nosso vizinho eternamente, e que se manifestou a favor de uma das candidaturas.
O Conselho Nacional, que tem cinco diretores, é encarregado de organizar e fiscalizar todas as eleições na Venezuela. Criado pela Constituição de 1999, o conselho eleitoral é um poder à parte, independente de Legislativo, Executivo e Judiciário. Díaz é o diretor mais próximo da oposição.
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