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 | 17/10/2006 13h46min

Petista Biscaia critica atitude do partido diante do dossiê

Presidente da CPI dos Sanguessugas quer que PT investigue desvios de conduta

O presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), criticou nesta terça-feira os procedimentos do seu próprio partido, o PT, para julgar e punir os petistas envolvidos em escândalos. As declarações de Biscaia foram dadas a propósito das investigações sobre a tentativa de petistas de comprar do empresário Luis Antônio Vedoin um dossiê com documentos que supostamente comprometeriam tucanos com o escândalo das sanguessugas.

– Espero que o partido não só procure apurar internamente os desvios de conduta, como afastar do partido aqueles que têm se desviado da conduta. Mas parece que não é essa a postura. Eu não percebo, desde o início de outros escândalos que aconteceram, nenhum tipo de correção interna no partido, que fosse no sentido de uma refundação. Não percebo isso, lamentavelmente – afirmou.

Para o parlamentar, o dossiê não continha provas que comprometiam o ex-ministro e governador eleito de São Paulo, José Serra:

– Não é nada, ao meu ver. É aquilo que já estava aí. São CDs e alguns documentos que comprovam, primeiro, uma cerimônia que não era segredo e alguns documentos que estão a exigir uma investigação mais profunda com relação ao (ex-ministro) Barjas Negri e Abel Pereira. Não sei como aquilo lá motivou que alguém fosse mobilizar R$ 1,7 milhão.

O petista falou ainda sobre as investigações da Polícia Federal para tentar descobrir a origem do R$ 1,7 milhão que seria entregue a Vedoin. Ele acredita que os policiais estejam fazendo o possível e que a origem do dinheiro é ilícita.

– Não é uma origem lícita. Alguém teria sacado licitamente esses valores? Evidentemente que não. Reafirmo que a origem é criminosa. A fonte, sonegação, caixa 2, corrupção, isso não tem nada que indique até esse momento.

Para Biscaia, a melhor maneira de tentar identificar a fonte dos recursos é o rastreamento dos US$ 248 mil.

– Só que o trabalho não é fácil. A linha mais possível vem da entrada de dólares, que vão para as empresas que transferem para outras 100.

O presidente da CPI disse que, se houver quórum, pretende votar todos os requerimentos pendentes, mas que não vê necessidade na convocação do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, como pediu o tucano Carlos Sampaio (SP).

– Em princípio, eu não vejo nada, porque a razão seria algum tipo de atitude no sentido de retardar os trabalhos da PF. Isso não está acontecendo. Posso dar meu testemunho do que vi na PF. Estão trabalhando intensamente, cobrados a todo momento pelo juiz e pelo Ministério Público Federal. Só que não é uma tarefa fácil, você precisar a origem desse recurso em dinheiro vivo. Se fosse fácil, já estaria sendo identificado. Não há nenhuma medida, providência, recomendação, solicitação para que só se chegue aos responsáveis depois das eleições. Não há isso – disse.

AGÊNCIA O GLOBO
 

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