| 16/10/2006 21h45min
A origem do dinheiro usado na tentativa de compra do dossiê contra políticos tucanos tinha origem ilegal, disse nesta segunda-feira o sub-relator de sistematização da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) dos Sanguessugas, deputado Paulo Rubem Santiago (PT-PE).
De acordo com ele, dois indícios levam a crer que o dinheiro vinha de caixa 2: primeiro, o fato dos envolvidos não terem revelado a fonte.
– As pessoas estão omitindo a origem. Não dizem a fonte. Se tivesse origem legal, teriam dito – disse.
O segundo motivo seria as notas de pequeno valor. A parcela em reais do valor que seria usado para comprar os documentos (cerca de R$ 1,7 milhão no total, entre dólares e reais) era de “notas de pequeno valor”.
– Isso indicaria que o dinheiro foi trocado – afirmou Santiago.
Dois comprovantes de bobina de máquina registradora foram encontrados pela Polícia Federal enrolando parte das notas, revelou o deputado. Um dos papéis indicava ter cem notas de R$ 10 e, imediatamente abaixo de um número não identificado, uma localização: Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. O outro comprovante trazia a mesma quantia e outra identificação: Campo Grande, em Mato Grosso do Sul.
Esses podem ser os locais onde o dinheiro foi trocado. Pelas notas da bobina registradora, não dá para saber mais detalhes dos locais. Não há como provar a totalidade da origem do dinheiro, mas algum saque de grande valor deve ter sido feito – disse.
Segundo ele, a Polícia Federal pediu ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que investigasse todos os saques acima de R$ 100 mil feitos até um mês antes da apreensão do dinheiro. Será preciso analisar, de acordo com o deputado, cerca de 200 mil saques. Isso, no entanto, pode não revelar a origem. O saque do dinheiro usado poderia ter sido feito, por exemplo, seis meses antes.
– É difícil que não seja ilegal, mas não existem provas disso – afirmou.
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