| 17/10/2006 13h25min
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso atacou fortemente o presidente Lula e disse não ser contrário à privatização da Petrobras, mas que isso não será feito. Em entrevista concedida na manhã desta terça-feira à rádio CBN, ele criticou o PT e as últimas declarações do presidente durante a campanha. Para ele, Lula está "assassinando o símbolo que ele representa, se tornando um político banal".
A artilharia de FH sobrou também para a Polícia Federal nas investigações do suposto dossiê contra os tucanos, para a campanha de Lula, e para a Justiça, que ele considera "lenta". Fernando Henrique garantiu também não ter preconceito contra pobres.
O ex-presidente questionou por que Lula não reestatizou as companhias que foram privatizadas por ele:
– Se não tivesse privatizado os bancos estaduais eles continuariam em escândalos. A Embraer foi privatizada no governo do Itamar Franco e hoje é glória nacional. A Vale do Rio Doce multiplicou seu valor por 10 e está comprando empresas internacionais. E a telefonia? Ninguém tinha celular. Hoje são 90 milhões de celulares. Foi errado? E por que o governo Lula não mexeu e não reestatizou? Isso é demagogia.
Sobre o dinheiro das privatizações, FH garantiu que foi "para diminuir as dívidas do Brasil. O presidente Lula sabe disso. Ele é dono do Tesouro Nacional. Agora é demagogia". O ex-presidente comparou ainda o discurso de Lula com o de Maluf.
– A decepção que eu tenho com o presidente Lula é muito grande. Ele virou um político comum, banal, que usa isso para ganhar uma eleição. Mas é isso que um estadista faz, é assim que se constrói uma nação? Acho lamentável para quem começou como o presidente Lula, que eu vi de perto, como um líder renovador, que mudou as práticas sindicais, que fez greve durante o autoritarismo, que que invovou na forma de fazer protesto, que nasceu contra tudo de podre no sindicalismo. E depois se transformar num político como outro qualquer. Meu Deus, é uma perda histórica. (...) Parece que estou ouvindo o Maluf, disse o Ferreira Gullar outro dia. Eu tenho um sentimento de perda – disparou.
Fernando Henrique confirmou que considera uma tática eleitoral o embate de Lula com FHC, ignorando Alckmin. Quanto ao dossiê, entretanto, não acha que seja uma arma eleitoral, mas demonstrou reservas quanto à possibilidade de uma "operação abafa" na Polícia Federal.
– Tem que explicar, né? Todos são próximos do presidente. De onde veio o dinheiro? Quem deu a ordem? Não acho que é só uma questão eleitoral. Não pode dizer só que são meninos aloprados, mas qual é a punição para eles? Enquanto não for esclarecido, não se esgotou não. Pode não dar voto. Não é eleitoralismo, mas uma coisa mais séria.
FH falou ainda sobre o envolvimento do Ricardo Berizoini no caso:
– O Berzoini está afastado, mas continua como presidente do PT. O que é isso? Qual é o papel de cada um. Não quero ser leviano (sobre a operação abafa). Eu acho que uma polícia que tem demonstrado tanta rapidez... Mas tem que dar nome aos bois. Um mês depois e não ter descoberto os caminhos do dinheiro? Espero que a polícia cumpra seu dever, não quero julgá-la. Tem que apontar os responsáveis.
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