| 01/08/2006 13h52min
O afastamento provisório do presidente cubano, Fidel Castro, que passou o poder a seu irmão Raúl, disparou os alarmes nas delegações diplomáticas credenciadas em Cuba ontem à noite.
Os diplomatas começaram suas atividades minutos depois da divulgação do anúncio, informando que uma intervenção cirúrgica devido a uma hemorragia intestinal obrigava Fidel a delegar provisoriamente suas tarefas de Estado ao irmão Raúl. Durante grande parte da noite houve troca de ligações telefônicas, de impressões e de informações entre as embaixadas. Alguns diplomatas foram às ruas de Havana para comprovar por conta própria que a cidade estava calma, apesar da surpresa e da incerteza geradas pela notícia entre os cubanos. Funcionários decidiram alterar seus planos de férias e ficar no país nas próximas semanas. Outros suspenderam o descanso por tempo indefinido. "Não é para menos, o assunto é muito grave. Para que em um país como este aconteça uma cessão temporária do poder, pela primeira vez na história, é que as condições devem ser ruins", disse um diplomata europeu. Alguns diplomatas esperavam hoje poder contar com informações adicionais sobre o estado de saúde de Fidel, mas, segundo as fontes consultadas, não receberam novos dados. "A decisão de Fidel Castro tem significado enorme, e é natural que tenha disparado os alarmes", afirmou um diplomata ocidental. Os consulados e seções consulares das embaixadas funcionaram normalmente. "A normalidade foi a maior surpresa, não há nenhuma presença fora do comum que pudesse indicar que houve uma mudança no governo", disse outro diplomata europeu. Agora, afirmou outro diplomata, surgem "grandes incógnitas sobre as implicações que isso tudo pode ter e se este processo já pode ser considerado uma transição, porque não se falou de prazos". O mais significativo, segundo um observador ocidental, "é que se desfizeram as dúvidas sobre os que têm papel realmente importante no futuro deste país, que são os que acompanham Raúl no governo provisório". Raúl Castro, de 75 anos, estará acompanhado em sua nova tarefa por reconhecidas figuras do Partido Comunista de Cuba (PCC) e do governo, que supervisionarão as áreas consideradas prioritárias para a revolução. A área de Saúde estará a cargo do ministro do tema, José Ramón Balaguer, e a de Educação ficará com José Ramón Machado Ventura e Esteban Lazo Hernández, todos eles integrantes do birô político do PCC. O vice-presidente Carlos Lage ficará a cargo da política energética e supervisionará os recursos de áreas consideradas prioridades da revolução, junto com o presidente do Banco de Cuba, Francisco Soberón, e do chanceler cubano, Felipe Pérez Roque. AGÊNCIA EFEGrupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2024 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.