| 19/05/2006 14h07min
Apesar do incidente diplomático envolvendo os governos de Brasil e Bolívia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou hoje que o Brasil vai continuar comprando gás daquele país:
– Queremos continuar importando gás da Bolívia porque interessa também ao Brasil ajudar o povo boliviano, que é um povo muito pobre. E interessa à Bolívia ajudar o Brasil vendendo o gás. Queremos fazer uma combinação com que os dois países saiam ganhando – disse Lula, ressaltando que o Brasil não pode ficar dependente de nada de qualquer outro país do mundo.
O presidente fez as declarações em Natal, onde foi vistoriar as obras de uma ponte que vai ligar o litoral norte ao litoral sul da capital potiguar. À tarde, Lula vai para para Guamaré, a 200km de Natal, onde vai inaugurar uma unidade experimental de biodiesel da Petrobras. A unidade tem capacidade de produção diária de três mil litros de biodiesel usando como matéria-prima óleos vegetais.
A Petrobras anunciou, nos últimos dias, uma
série de medidas que permitirão aumentar a oferta nacional de combustíveis e satisfazer o aumento da demanda previsto para os próximos anos (de cerca de 20% ao ano), mas não impedirão que o Brasil dependa em parte do gás importado da Bolívia.
Apesar de o presidente boliviano, Evo Morales, ter garantido que a provisão não será suspensa, ele defendeu um aumento de pelo menos 62% no preço do gás, que hoje chega ao Brasil custando cerca de US$ 3,20 por milhão de BTU (unidade térmica britânica).
A Petrobras, a maior investidora estrangeira na Bolívia e a empresa mais afetada pela nacionalização dos hidrocarbonetos, advertiu que rejeitará um aumento injustificado do preço e que recorrerá aos tribunais caso La Paz insista no aumento.
Segundo o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, com as medidas anunciadas, o Brasil não terá que elevar o preço do gás que importa da Bolívia. Antes da nacionalização dos hidrocarbonetos no país vizinho, a Petrobras
negociava o aumento das compras de gás
boliviano dos atuais 26 milhões de metros cúbicos diários para cerca de 45 milhões de metros cúbicos diários.
– Temos um contrato com a Bolívia, que espero que continue em vigor até 2019, para importar 30 milhões de metros cúbicos por dia. Esse contrato está em vigor e continuará em vigor. Já não estamos falando de 24,2 milhões de metros cúbicos adicionais (da Bolívia) – afirmou Gabrielli.
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