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 | 16/05/2006 12h45min

Petrobras não descarta abandonar atividades de refino na Bolívia

Estatal vai analisar mudanças nas políticas trabalhista e de meio ambiente

O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, disse hoje que a companhia não descarta abandonar as atividades de refino na Bolívia, onde a estatal brasileira tem duas refinarias. Quase 100% da gasolina e do diesel vendidos na Bolívia são refinados pela Petrobras.

Com a mudança na legislação boliviana, que determina que a estatal YPFB tenha 51% das refinarias, Gabrielli disse que é importante saber o que vai acontecer, por exemplo, com as relações de trabalho e com a política de meio ambiente.

– Podemos analisar até estar fora do refino na Bolívia se não nos interessar – afirmou Gabrielli, que participa de audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado.

Outro tema abordado pelo presidente da Petrobras foi um eventual plano de contingência, caso ocorra o corte total do fornecimento de gás natural para o Brasil. No entanto, ele deixou claro que não acredita nessa possibilidade. Gabrielli disse que, como empresa responsável, a Petrobras tem sempre um plano de contingência e citou cinco ações que poderiam ser adotadas: redução do uso de gás pela Petrobras; substituição do gás por óleo combustível e GLP; aceleração da produção nacional; alternativas na área de biocombustível; plantas de gás natural liquefeito (GNL).

Para Gabrielli, o corte do fornecimento de gás está praticamente descartado porque, para que a Bolívia possa produzir outros combustíveis, é necessário o uso do gás natural.

– O gás pára de produzir, o diesel, a gasolina e o GLP também param de produzir – disse.

O presidente da Petrobras rebateu também as críticas feitas pelo presidente da Bolívia, Evo Morales, na semana passada, de que a empresa brasileira atuaria ilegalmente e clandestinamente naquele país. Ele disse que a Petrobras obedece à Constituição Boliviana.

– Nossos contratos são claramente constitucionais – assegurou.

Ele disse também ser "inadmissível" a declaração do governo do país vizinho de que a empresa sonega impostos. Gabrielli explicou que os contratos de hidrocarbonetos na Bolívia se submetem, na Constituição daquele país, a uma lei específica que determina a não obrigatoriedade de passarem pelo crivo parlamentar.

Segundo ele, o melhor caminho para resolver a questão com a Bolívia, que fornece metade do gás consumido pelo Brasil e onde as operações da Petrobras representam 18% do Produto Interno Bruto (PIB), seriam negociações tranqüilas, o que não está sendo possível.

– O conflito e a tensão, que nesse momento se intensificam, não são a situação mais adequada – disse o executivo, ao defender uma postura sem radicalização nas negociações.

AGÊNCIA O GLOBO
 

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