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 | 14/05/2006 22h21min

Chávez alerta Bush sobre invasão à Venezuela ou ao Irã

Presidente venezuelano realiza visita ao Reino Unido

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, alertou hoje em Londres seu colega americano, George W. Bush, contra uma possível invasão à Venezuela ou ao Irã, uma vez que não conseguirá ter acesso ao petróleo dos dois países. No primeiro dia de sua visita de dois dias ao Reino Unido, Chávez afirmou que "o Irã não é o Iraque" e que um eventual ataque comandado por Washington para frear as ambições nucleares de Teerã representaria "uma ameaça para todos".

– Se os Estados Unidos lançarem uma invasão contra o Irã, seria pior do que no Iraque – país no qual "não há governo" e de onde o "império não sabe como sair" – disse o governante venezuelano, que classificou o conflito iraquiano como "o Vietnã do século XXI".

Durante um discurso de quase três horas e meia a centenas de simpatizantes que lotaram o auditório Camden Centre (norte de Londres), o chefe de Estado latino-americano avisou que a invasão do Irã levaria a uma "terrível" escalada da violência no Oriente Médio.

– O Irã disse que atacaria Israel e sei que tem meios para fazê-lo. E Israel atacaria o Irã – disse Chávez, que teme que essa situação possa forçar o uso de armas nucleares por parte dos EUA.

– Os Estados Unidos têm 8 mil bombas com ogivas nucleares, 2 mil delas prontas para serem disparadas – declarou.

Recebido aos gritos de "Chávez, amigo, o povo está contigo!", o líder venezuelano advertiu Bush de que, no caso de uma ofensiva militar contra o regime de Teerã, "o petróleo do Irã – quarto exportador mundial de petróleo – não sairá do país".

– Se os EUA atacarem o Irã, meu amigo inglês de classe média com um veículo à gasolina, vá estacionando o veículo. Nós faríamos o mesmo. Se (os EUA) agredirem a Venezuela para levar o petróleo, não haverá petróleo nem para a Venezuela nem para ninguém – disse.

Chávez novamente disse que Bush é um "assassino" e um "genocida" que "deveria ser condenado" pelo Tribunal Penal Internacional (TPI). No entanto, não se referiu ao primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, principal aliado do presidente americano.

O governante da Venezuela não se reunirá com Blair porque sua visita é de caráter "privado" e o governo de Caracas "não solicitou nenhuma reunião", segundo um comunicado da residência oficial do primeiro-ministro.

O governante venezuelano chegou a Londres depois de participar esta semana da IV Cúpula União Européia, América Latina e Caribe realizada em Viena, onde Blair pediu que a Venezuela e a Bolívia utilizassem seus recursos energéticos "de maneira responsável".

Apesar da versão oficial sobre as "boas relações" entre os dois países, a verdade é que Chávez chega à capital britânica após um embate verbal com Blair em fevereiro passado. Durante um discurso no Parlamento, o primeiro-ministro pediu ao governo da Venezuela que cumprisse "as regras da comunidade internacional" caso quisesse ser respeitado no mundo.

Chávez respondeu com a frase: "Não seja sem-vergonha. O senhor não tem moral alguma para pedir que respeitem as regras da comunidade internacional porque foi um dos que as violaram, atropelando povos no Iraque e em outras partes do mundo".

O governante venezuelano também acusou Tony Blair de ser "o principal aliado do maior genocida e assassino que há neste planeta: Mr.Danger Hitler", apelido com o qual se referiu ao presidente dos Estados Unidos, George W. Bush.

Seja como for, a atual visita do presidente venezuelano contrasta com a que fez em 2001, quando desfrutou de uma "afetuosa" reunião com Blair em Downing Street e foi recebido pela rainha Elizabeth II no Palácio de Buckingham.

Durante o discurso no Camden Centre, enfeitado com bandeiras da Venezuela, Hugo Chávez esteve acompanhado no palanque por seu principal anfitrião, o prefeito de Londres, Ken Livingstone, entre outras personalidades.

– Londres está com o senhor – afirmou o prefeito, que pertence à ala esquerdista do Partido Trabalhista e, assim como Chávez, é um grande opositor do governo Bush.

Na segunda-feira Livingstone vai almoçar com o convidado e os dois dirigentes darão uma entrevista coletiva na sede da Prefeitura de Londres. No mesmo dia Chávez se reunirá com líderes sindicais, participará de uma recepção de deputados de esquerda no Parlamento e dará uma conferência organizada pela "Canning House", a chamada "Casa da América Latina" na capital britânica.

AGÊNCIA EFE
 

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