| 12/05/2006 12h44min
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou nesta sexta, dia 12, os líderes presentes na 4ª Cúpula da União Européia – América Latina e Caribe a apressar o fim da atual rodada de negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC). Segundo Lula, essa seria a melhor maneira de os países ricos contribuírem para a luta contra a pobreza.
– A Rodada da OMC é a melhor chance que temos para reduzir ou eliminar subsídios, abrir mercados, aumentar a riqueza e gerar empregos – disse Lula em discurso feito nesta manhã na reunião fechada dos mais de 50 chefes de Estado ou governo presentes à cúpula.
O Itamaraty distribuiu cópias à imprensa do texto lido por Lula.
– Somente com um comércio verdadeiramente livre de entraves e subsídios e que poderemos integrar milhões de seres humanos à economia mundial. Para isso, devemos corrigir os profundos desequilíbrios que hoje permeiam as trocas comerciais, penalizando os mais pobres – afirmou ele.
Lula lembrou que as negociações têm de levar em conta o grau de desenvolvimento dos países.
– O acordo final que desejamos para a Rodada Doha deve ter presente um cenário no qual as concessões devem ser diretamente proporcionais ao nível de riqueza. Os países ricos deverão fazer os maiores gestos. Os países em desenvolvimento darão passos significativos, segundo suas possibilidades. E os países mais pobres dentre os pobres não terão custo algum. Ao contrário, receberão benefícios concretos e inversamente proporcionais ao seu nível de riqueza – afirmou.
O presidente brasileiro assinalou que, da parte do Brasil, há disponibilidade para concessões.
– Estamos dispostos a fazer movimentos na área industrial e de serviços, desde que haja avanços realmente significativos na liberalização do comércio em agricultura – ressaltou.
O principal ponto em que os ricos teriam de ceder, segundo Lula, seria nos subsídios agrícolas que praticam.
– O protecionismo agrícola dos paises ricos é uma das formas mais injustas de depressão das condições de vida do mundo em desenvolvimento.
O presidente lembrou que vem insistindo no apelo, desde fevereiro, em reunião internacional na África do Sul, e disse que renovará seu chamado no encontro do G-8 (grupo que reúne os países mais ricos do mundo), em julho, na Rússia.
– Se não formos capazes de tornar o comércio internacional mais livre e mais justo, como poderemos resolver, de forma coletiva e eficaz, desafios mais complexos como o combate ao terrorismo, a proliferação de armas de destruição em massa e o armamentismo? – perguntou Lula, ao final do discurso.
De acordo com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, o apelo para que se concluam o mais rapidamente possível as negociações na OMC foi também a tônica dos encontros bilaterais paralelos que o presidente Lula manteve pela manha.
Ele tomou café da manhã com a chanceler da Alemanha, Ângela Merkel, e, depois, encontrou o primeiro-ministro britânico, Tony Blair. Em seguida, manteve encontro com o primeiro-ministro português, Jose Sócrates. À tarde Lula ainda terá reuniões com o presidente do governo espanhol, Jose Luiz Zapatero, o secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, e a presidente do Chile, Michelle Bachelet.
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