| 11/05/2006 15h36min
O presidente da estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB), Jorge Alvarado, disse hoje que o país pagará um "preço justo" à Petrobras pelo controle das refinarias nacionalizadas pelo Estado boliviano. Alvarado afirmou hoje ao canal de televisão PAT que o Estado pagará por 51% das ações da empresa Petrobras Bolivia Refinación (PBR), uma das filiais da companhia brasileira, porque a nacionalização não é um confisco.
– Não é um confisco porque se pagará o preço das ações. Seria um confisco se tomássemos as ações e não pagássemos absolutamente nada. Neste caso, se tem que pagar, se tem que fazer uma avaliação, se tem que fazer uma auditoria e em função disso será pago um preço justo – disse o presidente da companhia petrolífera estatal da Bolívia.
O assunto foi discutido na véspera por Alvarado e o ministro de Hidrocarbonetos boliviano, Andrés Soliz Rada, com uma delegação do Brasil liderada pelo ministro de Minas e Energia Silas Rondeau e o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli.
Em comunicado conjunto emitido no final da reunião, os representantes do Brasil manifestaram seu "absoluto respeito" às decisões tomadas pela Bolívia na nacionalização dos hidrocarbonetos e disseram estar dispostos a implementar o decreto assinado pelo presidente Evo Morales em 1º de maio.
As duas delegações também formaram quatro comissões, uma das quais analisará a situação da empresa de refino, que tem duas unidades nas cidades de Cochabamba e Santa Cruz de la Sierra. Segundo Alvarado, as comissões, que também devem discutir preços do gás, os novos contratos e questões operativas de produção e comercialização, começarão a trabalhar na próxima segunda.
– De acordo com o decreto, temos somente 180 dias para resolver todos estes problemas – disse o presidente da YPFB.
Para pagar à Petrobras pelas ações que passarão a ser do Estado boliviano, as autoridades analisam a opção de fazer o pagamento em gás ou petróleo ou com concessões de prospecção, mas somente depois de um acerto de contas e dívidas pela venda dos produtos energéticos.
O ministro Soliz Rada disse na véspera que quando a Petrobras comprou as refinarias em 1999, por US$ 104 milhões, elas tinham um depósito de combustível no valor de entre US$ 20 e 30 milhões, por isso é necessário fazer uma auditoria.
Além da empresa de refino, Morales também tomou o controle da Companhia Logística de Hidrocarbonetos Boliviana, da Andina, filial da Repsol-YPF, da Chaco, do grupo British Petroleum e da Transredes, partilhada por Enron e Shell.
Os diretores e síndicos designados pela YPFB para essas empresas ainda não assumiram suas funções, já que primeiro o governo deve cumprir uma série de requisitos para concretizar a maioria acionária nessas companhias, segundo Alvarado.
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