| 01/03/2006 14h57min
A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) só conseguirá reduzir a fome no mundo se elaborar uma política de reforma agrária. A avaliação é do vice-presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Alberto Ercílio Broch.
– A FAO tem como missão discutir a fome no mundo. Inclusive uma de suas metas é acabar com a fome, pelo menos pela metade, nos próximos 20 anos, o que já é uma falácia. Ela não está atingindo e não vai atingir nunca se não se coloca em discussão a questão da terra, do território, da água – afirmou Alberto.
A FAO realiza em Porto Alegre, dos dias 6 a 10 de março, a 2ª Conferência Internacional sobre Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural (CIRADR). Desde 1979 – quando foi realizado o último encontro em Roma, na Itália – o tema não é discutido. O vice-presidente da Contag disse que a Conferência "terá uma importância muito grande para mobilizar a agenda internacional sobre o tema".
– Mas não vamos nos iludir que essa conferência, por si só, vai fazer com que a reforma agrária aconteça no mundo – afirmou Broch.
O vice-presidente da Contag também destacou que o conceito de reforma agrária é amplo.
– É ligado à soberania alimentar, a um processo de desenvolvimento sustentável, de acesso aos recursos naturais. Envolve também uma discussão sobre políticas públicas, de acesso a mercados – disse.
Segundo Broch, a Contag reconhece que houve avanços na reforma agrária no Brasil no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, principalmente na qualidade dos assentamentos.
– Porém, ao reconhecermos isso, temos uma forte crítica, porque achamos que o governo tinha que ter avançado muito mais nesse processo de distribuição de terra.
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