| 19/12/2005 16h53min
Os bolivianos estão cansados dos políticos tradicionais e querem mudanças. A avaliação é de analistas, que consideram a vitória de Evo Morales nas eleições presidenciais como uma derrota dos políticos do passado.
– A derrota dos políticos do velho sistema é uma conseqüência inesperada desse sentimento do eleitorado boliviano, que não se cansa de expressar seu repúdio aos líderes do passado – afirma o comentarista político Humberto Vacaflor no jornal boliviano La Razón.
Nos últimos anos, o Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR), o Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR) e Ação Democrática Nacionalista (DNA), todos representativos da chamada velha ordem, governaram a Bolívia em um triângulo de poder que foi denominado "democracia pactuada".
O líder do Movimento ao Socialismo (MAS), Evo Morales, tentou por todos os meios, durante a campanha eleitoral, convencer seus simpatizantes da necessidade de obter uma maioria absoluta para evitar
os tradicionais pactos no Congresso.
– Ficou demonstrado que, em todos os departamentos do país, sente-se repúdio pelos políticos que governaram desde 1982 – disse Vacaflor, fazendo referência ao ano em que a democracia foi instituída na Bolívia.
O analista citou como exemplo a derrota do carismático ex-presidente Jaime Paz Zamora, líder histórico do MIR que se apresentou como candidato a governador do departamento de Tarija.
– Pode-se dizer que Paz Zamora representou todos os partidos do velho sistema e se deu muito mal – interpretou Vacaflor.
Antes das eleições do último domingo, o analista Roger Cortés antecipou à EFE o fracasso das forças tradicionais, ao destacar que a sorte do MIR, MNR e DNA já estava decidida.
– O MIR já é parte das organizações políticas obsoletas e que a política deixou para trás - afirmou Cortés.
Além dos dois analistas, o vice-reitor de Universidade Tomás Frias, Freddy Flores, também interpretou o provável resultado do
pleito como um desejo por transformações profundas.
Segundo as projeções extra-oficiais, Evo Morales venceu o pleito com 51,1% de apoio popular. O conservador Jorge Quiroga, que obteve 31,1%, reconheceu ontem à noite a derrota.
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