| 16/12/2005 22h57min
Um cruzamento de dados feito pela CPI dos Correios concluiu que três fundos de pensão investiram mais de R$ 23 milhões no Banco Santos. As aplicações foram feitas até no dia em que o Banco Central decretou intervenção na instituição.
No dia 12 de novembro de 2004, o fundo Núcleos, das empresas nucleares, comprou R$ 1,8 milhão em títulos do Banco Santos. O Postalis, fundo ligado aos Correios, comprou R$ 1 milhão. Nas duas semanas anteriores, os dois fundos já tinham aplicado R$ 10,5 milhões no banco. A Funcef, fundo da Caixa Econômica Federal, renovou um investimento de R$ 10 milhões.
O dinheiro dos fundos de pensão é usado para pagar a aposentadoria de milhares de associados. Por isso, normalmente é aplicado em investimentos conservadores. Agora, a CPI dos Correios quer saber por que os três fundos de pensão, apesar do risco de perder o dinheiro, escolheram o Banco Santos. A comissão pretende ainda convocar os dirigentes dos fundos de pensão para depor e explicar as
transações.
– Com dinheiro público não se aposta dessa forma, sem antes se examinar todos os riscos possíveis. As aplicações dos fundos têm de ser aplicações quase que matemáticas. Na pior das hipóteses que se obtenha menos lucro, mas que se aplique em coisa certa – disse o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), relator da comissão.
O diretor de finanças da Funcef, Demosthenes Marques, afirmou que o fundo ignorava que a situação do Banco Santos fosse tão delicada.
– A irregularidade que ocorreu foi a irregularidade na divulgação dos balanços e balancetes do Banco Santos que depois foi constatado que não correspondiam à realidade dos números daquele banco – falou.
A direção do fundo Núcleos informou que não tem registro da compra no dia da intervenção, mas que afastou quatro dirigentes em abril ao identificar perdas de mais de R$ 7 milhões no Banco Santos. O fundo Postalis declarou que empresas especializadas classificaram o Banco Santos como de baixo
risco de crédito e que a última
aplicação foi no dia 28 de outubro do ano passado e não no dia da intervenção, como informou a CPI dos Correios.
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