| 10/11/2005 21h28min
O governo brasileiro fez hoje novo pedido às autoridades norte-americanas para que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) dos Correios tenha acesso aos documentos obtidos com a quebra de sigilo das contas bancárias do publicitário Duda Mendonça e de sua sócia, Zilmar Fernandes, nos Estados Unidos. As negociações estavam sendo feitas, até o momento, pelo Ministério Público.
Por meio de carta, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e o presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), pediram ao procurador-geral de Justiça dos Estados Unidos, Alberto Gonzales, que os documentos fossem compartilhados com a comissão. No documento, o governo diz que o objetivo é "investigar supostos crimes de corrupção e financiamento ilegal de campanha eleitoral considerando a alta importância do assunto na luta contra a corrupção no Brasil".
O governo brasileiro ressalta ainda, na carta, que agradeceria se os Estados Unidos "pudessem dar a máxima urgência e prioridade ao assunto". As oito caixas contendo os documentos chegaram ao Brasil na última sexta-feira com a exigência do Departamento de Justiça do governo dos Estados Unidos de que "não compartilhe as provas anexadas com quaisquer outras entidades ou autoridades no Brasil, inclusive a Comissão Parlamentar de Inquérito", diz o documento norte-americano.
De acordo com o sub-relator de movimentações financeiras da CPI, Gustavo Fruet (PSDB-PR), os promotores norte-americanos irritaram-se com o episódio ocorrido na CPI do Banestado, quando sigilos bancários repassados ao Brasil se tornaram públicos. O episódio teria gerado processos contra o promotor norte-americano responsável pela investigação.
O diretor do Departamento de Recuperação de Ativos (DRCI) do Ministério da Justiça , Antenor Madruga, diz que a justificativa norte-americana não se refere ao fato. A secretária de Justiça, Claudia Chagas, explica que os EUA apenas "não reconhecem a CPI como autoridade legítima para uma investigação". Os documentos foram entregues apenas à Polícia Federal e ao Ministério Público.
No dia 24 de outubro, a CPI dos Correios havia enviado correspondência à Promotoria de Nova York comprometendo-se a só divulgar as informações sobre as movimentações bancárias de Duda Mendonça no relatório final da Comissão.
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