Arquitetura | 16/05/2011 06h15min
Autor de um dos mais destacados projetos de fazenda vertical, o The Living Skyscraper, Blake Kurasek avalia as propostas atuais como ainda utópicas. Ele destaca, porém, a significativa contribuição do conceito para a redução das emissões de CO2 com o transporte de alimentos e a viabilidade de dar início hoje aos projetos em escalas menores, em telhados e fachadas. Veja a entrevista exclusiva que Kurasek concedeu por e-mail ao Nosso Mundo.
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Nosso Mundo Sustentável - Como surgiu o seu interesse pelas fazendas verticais? Você acha que essa é uma nova área promissora na arquitetura?
Blake Kurasek - Na faculdade, nós tínhamos de escolher o assunto para o nosso projeto de conclusão. Eu sabia que gostaria de desenhar um prédio "alto", mas precisava encontrar algo único em prédios altos. Por ter crescido em Illinois, a agricultura é algo familiar para mim, então comecei a pesquisar na internet tópicos que combinassem as duas ideias como "prédios altos + agricultura", "arranha-céus + fazendas" etc. Como resultado, eu acabei encontrando algumas pesquisas do Dr. Dickson Despommier e seu curso na Universidade de Columbia, aqui em Nova York.
Veja fotos do projeto de Kurasek
Ele havia começado a pesquisar a ideia das fazendas verticais e as poucas imagens e os textos que eu encontrei me fizeram querer pesquisar mais esse conceito. Foi assim que nasceu meu interesse por essa ideia. Depois de minha extensa pesquisa e estudo de design das fazendas verticais, eu acredito que essa é, definitivamente, uma área promissora na arquitetura, mas nós precisamos antes experimentá-la para saber se será bem sucedida.
NMS - O que você acha da integração entre agricultura e arquitetura?
Kurasek - Integrar sistemas de agricultura com a arquitetura é muito emocionante, e esse casamento pode nos levar a uma intensiva estrutura de energia ainda não completamente entendida. Entretanto, o objetivo principal da fazenda vertical é explorar o conceito de "local", e reduzir a pegada de carbono dos alimentos em geral.
Por exemplo, em uma típica mercearia na América, os alimentos frescos podem ter viajado mais de 2 mil quilômetros antes de chegar ao consumidor. Essa prática demanda muita energia e, com a fazenda vertical, o alimento pode crescer e ser consumido na mesma cidades, reduzindo drasticamente a necessidade de transporte.
Além da questão do transporte, incorporar tecnologias para reduzir a pegada de carbono da torre é vital. Utilizar turbinas eólicas para fornecer energia ao prédio e usar reatores de biogás para converter resíduos humanos em gás metano são apenas alguns exemplos de tecnologias que já existem e que podem ser aproveitadas para fazer das fazendas verticais projetos possíveis.
NMS - Quais são os pontos a melhorar ou adaptar para que esses projetos possam deixar o papel?
Kurasek - O caminho para melhorar ou adapatar essas iniciativas é repensar a escala das fazendas verticais. Muitos projetos, o meu inclusive, são muito utópicos em escala e exigiriam uma grande dose de experiência para operar com êxito. Mas, por meio de um processo de tentativa e erro, as logísticas surgirão. A tecnologia já existe hoje e as técnicas de cultivo são amplamente utilizadas, mas a combinação e o diagrama dos sistemas ainda precisam de uma boa dose de estudo.
Nosso Mundo - Você acha possível adaptar prédios que já existem para que se tornem fazendas verticais?
Kurasek - Com certeza, uma solução mais realista seria reutilizar telhados e fachadas de edifícios que já existem para agricultura urbana. Explorar essas superfícies permitiria uma solução mais prática para a agricultura vertical que poderíamos estar construindo hoje.
Nosso Mundo - Quanto tempo deve levar para que os projetos de fazendas verticais tornem-se reais?
Kurasek - Atualmente, eu conheço apenas rumores de projetos de fazendas verticais. Estou sempre atrás da verdadeira fazenda vertical, porém eu acredito que uma grande evolução deve ocorrer antes que nós possamos construir um projeto como o The Living Skyscraper. Tempo, dinheiro e rigor de pesquisa de um sistema universitário são os fatores que vão levar essa iniciativa para frente.
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