Com três municípios no ranking do Ministério do Turismo dos destinos mais procurados por estrangeiros, Santa Catarina enfrenta os dramas da falta de planejamento em tempos de superpopulação. Falta de água e luz entre o Natal e o Ano-Novo fizeram 14,3% dos hóspedes de Florianópolis anteciparem o retorno para casa, segundo levantamento da Fecomércio. O percentual é alarmante para o setor responsável por 12,5% do PIB no Estado.

:: Cobrança de taxa para entrada em pontos turísticos é praticada em diversos destinos do Brasil e no mundo

:: Falta de água repercute nas redes sociais

A estimativa da prefeitura de Florianópolis é de que a população praticamente dobre durante a temporada e atinja a marca de 800 mil pessoas. Só na festa de Ano-Novo, 300 mil pessoas comemoraram na cidade. De acordo com a Fecomércio, quase 95% dos cerca de 31,5 mil leitos de Florianópolis ficaram ocupados no fim do ano.

Os números animam os setores da economia catarinense, mas também preocupam diante do cenário desenhado desde a semana do Natal. Só na Ilha de SC, quase 20% dos hotéis e pousadas ficaram às escuras e mais de 11% passaram o Réveillon sem abastecimento de água. A pesquisa feita na quinta-feira pela Fecomércio entrevistou hóspedes em 60 hotéis e pousadas de Florianópolis e Balneário Camboriú.

Na última cidade, segundo a prefeitura, 1,5 milhão de pessoas assistiram aos fogos na Praia Central, sendo que a população do município é 120,9 mil pessoas. Com quase todos os leitos lotados, cerca de 18% dos turistas se despediram antecipadamente diante da falta de água e luz.

Se os números ficarem próximos aos registrados ano passado, entre os meses de janeiro e fevereiro, Balneário Camboriú deve receber cerca de 630 mil turistas, de acordo com a Santa Catarina Turismo (Santur). E a previsão de estabilidade ainda é incerta. Na sexta-feira, um apagão deixou 45 mil unidades consumidoras sem luz, agravando ainda mais a situação. Presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Florianópolis, Tarcísio Schmitt prevê que os problemas no abastecimento de energia e água podem refletir na próxima temporada.

Diante deste cenário, a partir deste domingo, o Diário Catarinense abre a discussão a respeito da estrutura de SC para receber o turista sem deixar a população desabastecida. O primeiro entrevistado é o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de SC, João Eduardo Moritz, que defende um estudo para levantar a capacidade de carga de Florianópolis. Segundo Moritz, a análise permitiria um planejamento para solucionar problemas como os registrados nos últimos dias.