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Itapema FM  | 09/12/2013 11h45min

Pesquisa mostra que arquitetura presente no centenário de Joinville ainda existe

A arquiteta Simone Harger espera sensibilizar a comunidade sobre a importância de preservar as construções históricas do centro da cidade

Tuane Roldão  |  tuane.roldao@an.com.br

Quando estiver caminhando pelo centro de Joinville, olhe para o alto. Lá em cima, cruzando nosso céu, você vai ver prédios que não parecem pertencer ao presente. Um ao lado do outro, imóveis nascidos décadas atrás despontam na paisagem como se, juntos, compusessem outra cidade. No térreo da maior parte desses ambientes, lojas disputam a atenção dos visitantes que não olham para cima. Mas, quer você enxergue ou não, eles estão lá.

A arquiteta e urbanista Simone Harger os viu. Em postais que celebravam o centenário do município, fotos em preto e branco, esmaecidas pelo tempo, mostraram a ela que a Joinville daquela época ainda existe para quem notar. Os prédios ganharam novo uso e, nas fotografias atuais, cor. Mas o que também veio com a idade foi uma série de modificações que escondem a arquitetura remanescente.



Da curiosidade em saber o que mais há por trás das fachadas modernas que encobrem esses monumentos da memória da cidade, Simone partiu para uma extensa pesquisa concluída em setembro deste ano.

No levantamento que fez, descobriu, por exemplo, que, de todas as cidades do estado, Joinville é a que tem o centro histórico com maior número de tombamentos estaduais. Ao todo, no município, são 43 bens tombados, sendo 26 no centro histórico e, desses, 16 localizados na rua do Príncipe.

Agora, ela está em contato com profissionais e entidades de cultura e turismo com o objetivo de sensibilizar a comunidade para que haja uma mobilização e se defina um projeto para restaurar e valorizar as construções históricas de Joinville.

— O tombamento estadual em massa que começou em meados da década de 1980 e só terminou em 2000 traumatizou muita gente. As pessoas não querem possuir um bem tombado porque existe o mito de que nada pode ser feito no imóvel. Existem princípios a serem seguidos para não agredir o prédio, mas ele pode ser restaurado e sem que o proprietário precise desembolsar a verba.

Simone se refere a fontes de financiamento municipais, estaduais, federais e até privadas. Exemplos disso são o Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura (Simdec), o Sistema Estadual de Incentivo à Cultura, Turismo e Esporte (Seitec), a Lei Rouanet, o edital Elisabete Anderle, o Fundo de Defesa de Direitos Difusos, o programa Itaú Cultural e o Ministério das Cidades.

Com um bom projeto que envolva planejamento, justificativa plausível, cronograma físico-financeiro, análise de proteção legal, relevância cultural, histórica, artística, urbana, coletiva, social e descrição de público atingido, segundo Simone, qualquer pessoa pode conseguir recursos para financiar a restauração de uma casa tombada com respaldo da legislação.

— Estudando economia criativa, percebi que existe até a possibilidade de um imóvel ser valorizado justamente por estar tombado, já que oportuniza a criação de novos serviços. É preciso analisar o potencial desses prédios. E é importante salientar que construções tombadas não precisam ser apenas centros culturais, embora isso seja o mais comum, mas restaurantes, bares, cafés, e até shoppings podem surgir nesses locais.

Para a arquiteta, é preciso ressignificar os espaços, dar outro caráter à arquitetura, mas de forma que o imóvel seja gerido de forma sustentável. Simone cita o Largo da Ordem, em Curitiba, como exemplo. A feira que ocorre lá aos domingos, aliada ao centro histórico, levam as pessoas para esses ambientes que, quando não cuidados, costumam ficar abandonados e criar um vazio urbano que propicia a marginalidade.

— É preciso entender como as pessoas circulam, como interagem, conversar com elas, fazer uma análise social e antropológica, pensar no entorno, em quem vai usar os espaços. Temos que analisar o impacto que as obras podem causar na população.

As mudanças propostas por Simone no centro histórico de Joinville tem nuances simples, como a retirada das grandes placas que nomeam as lojas. Foi o que fez a Salfer em 2008, na esquina da rua do Príncipe com a 15 de Novembro. Com a despoluição visual da fachada, o que chama atenção para o comércio é o prédio, não o gigante letreiro. Logo, os comerciantes não perdem suas vitrines, mas o têm de outro jeito.

— A ideia não é mercantilizar o patrimônio histórico, mas torná-lo bem ativo — afirma.

A NOTÍCIA
Arquivo Histórico de Joinville / Reprodução

Edifício em frente à praça Nereu Ramos. Foto tirada em 1926
Foto:  Arquivo Histórico de Joinville  /  Reprodução


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