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Itapema FM  | 19/04/2012 06h12min

Pioneiros do iê iê iê em Florianópolis, The Snakes abriu caminho para a beatlemania em SC

Banda gravou o primeiro fonograma de um grupo de rock em acetato na Ilha

Marcos Espindola  |  marcos.espindola@diario.com.br

Se há 50 anos cogitassem ao músico Zênio Ivan Cardoso, 63 anos, que Paul McCartney estaria a caminho de Florianópolis ele gargalharia de incredulidade. O amigo Waldir Pessoa, também 63, jamais imaginaria. Não são meros leigos, mas dois personagens singulares no desembarque da beatlemania em território catarinense, que fundaram, em 1963, a banda The Snakes e abriram os caminhos para o rock invadir a Capital catarinense. 

— Agora, ele estará aí. E não é um sonho — admira-se Cardoso.

Inspirar-se nos fab four seria mais que o suficiente para marcar a memória afetiva dos pioneiros do iê iê iê, mas nos seis anos de atividade da banda tantas foram as situações coincidentes como se uma história paralela estivesse sendo reescrita a milhares de quilômetros e um oceano de distância de Liverpool e da swinging London.

Os jovens cobras foram pioneiros em instituir um modelo de gestão profissional de banda, gravaram o primeiro fonograma de um grupo de rock em acetato na Ilha (a música era Love Me Do, do primeiro compacto dos ídolos ingleses, lançado há meio século), ainda no início das atividades em 1963. Mas o marco veio quatro anos depois, com o lançamento de Sabor de Avanço, o primeiro álbum de uma banda florianopolitana por uma grande gravadora, a RCA, do Rio de Janeiro. A chegada de Paul coincide com os 45 anos do marco zero do rock da Ilha.

— Foi um auê, a única banda da cidade a gravar um disco. Isso deu uma sobrevida de pelo menos um ano aos Snakes — lembra Waldir Pessoa, hoje administrador aposentado.

O grupo ganhou o Estado, botou a juventude para agitar em clubes, teatros, programas de auditórios e até em trapiches de pesca. Disseminou a nova estética roqueira que mudaria os costumes dali por diante. Viveram a euforia do sucesso, o assédio intenso de fãs e uma carga exaustiva de trabalho: entre shows e até publicidade. Festejados pela mídia por onde passaram, desembarcaram para uma temporada no Rio de Janeiro ainda adolescentes. Encerraram oficialmente as atividades no início de 1969, assim como os Beatles, no auge da forma — ou no jargão do rock, à Abbey Road.

Tudo começou na Praça XV

A história começou no primeiro contato com os Beatles, um encontro casual mas definitivo. Os amigos Waldir, Zênio, Waldemiro "Miro" dos Santos (já morto) e Alfredo de Sá caminhavam nas proximidades da Praça XV até que pararam para ouvir aqueles acordes melódicos e simpáticos de Love Me Do, do primeiro compacto dos fab four, lançado em 1962. A bolacha havia recém-chegado na barbearia que operava também como loja de discos.

— A batida e aquela harmonia até lembravam um baião de tão interessantes. Aquilo mudou a nossa vida — diz Cardoso.

Então, os guris do Colégio Catarinense resolveram que iriam formar uma banda e tocar rock. Começaram pelo mais fácil, e com a ajuda de um professor de inglês, criaram o nome: The Snakes. Faltava apenas aprender a tocar os instrumentos. As noções básicas foram tomadas com músicos conhecidos. Alfredo perseguiu a bateria, Zênio, Miro e Waldir foram para as guitarras. Waldir, que sempre admirou Paul, acabou assumindo o contrabaixo, a exemplo do ídolo. Tempos depois, incorporaram o tecladista Paulo Calado.

— Saímos do Catarinense e nos trancávamos juntos para ouvir exaustivamente cada música e tentar extrair cada nota. Ensaiávamos obcecadamente, pois naquela época você não tinha aquelas revistas com as partituras — conta Pessoa, sem saber que, aquela altura, em Londres um outro quarteto se enclausurava para desvendar os segredos dos mestres dos blues. Eles viriam a ser conhecidos como os Rolling Stones.

A mãe de um dos garotos do Snakes virou empresária e mentora da banda.

Confira o vídeo com a banda:

DIÁRIO CATARINENSE
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