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Itapema FM  | 16/04/2012 06h10min

Na década de 60, fãs esperavam até três anos pela chegada de um disco dos Beatles

A vida de um fã já foi bem mais difícil, mas não menos apaixonada que nos dias atuais

Leandro Lessa  |  leandro.lessa@rdcbn.com.br

Lá pelos idos de 1960, um fã aqui no Brasil esperava até três anos pela chegada de um disco lançado na Europa pelos Beatles. Sem internet, TV a cabo ou mesmo transmissões ao vivo de eventos do outro lado do mundo, um beatlemaníaco sofria, principalmente fora dos grandes centros.

Nesta época, Santa Catarina tinha um terço da população atual, e a maior parte vivia no campo. Floripa era uma ilha paradisíaca conhecida apenas pelos moradores e alguns poucos turistas. E, em Londres, surgia o quarteto inglês que marcaria a vida de tantas pessoas.

A relação com os fãs catarinenses, apesar da distância, se tornaria mais próxima, à medida que os “cabeludos” de Liverpool ascendiam ao estrelato. Em 1963, um jovem chamado Silvio, nascido em Araranguá e já morando em Criciúma, no Sul do Estado, resolveu vender um sofá velho para conseguir um LP – na verdade, um álbum da discografia brasileira, diferente das versões inglesas e americanas. Assim, começou uma fascinação nunca extinguida por Beatles.

Porém, ser fã de Beatle naqueles tempos era tarefa árdua. Sem os meios de comunicação que temos hoje, conseguir material da banda, mesmo nos centros maiores, era bem complicado. Um disco demorava “uma eternidade” para aparecer nas lojas. Até três anos. Importados, então, só para os mais privilegiados.

— Durante anos, a gente não tinha ideia do que acontecia, e ainda se criavam muitos boatos — lembra o consultor de marketing Silvio Lummertz Silva, de 62 anos, morador de Florianópolis desde 1990 e, sem dúvidas, uma verdadeira “Beatle-pedia”.

Em tempos modernos, a quantidade de informação cresceu na mesma proporção da idolatria pela banda. Já são bem divulgados eventos como as apresentações no Cavern Club e no Ed Sullivan Show, o histórico show no Shea Stadium, ou até mesmo os quatro encasacados tocando no terraço do edifício da Apple.

— Eles liberaram muitas coisas inéditas, principalmente depois da morte do John Lennon — constata Lummertz.



Here, Today
 
A quantidade de produtos destinados àqueles que desejavam revelações da vida intensa dos Beatles também serviu para identificar detalhes e curiosidades sobre as composições que influenciaram as gerações posteriores.

— Saímos do ‘gostar por gostar’ e passamos a saber porque gostamos — filosofa Lummertz.

Pois, em breve, algo que parecia impossível para quem cresceu ao som de Love Me Do, Sgt. Peppers e/ou Let It Be vai se tornar real: um daqueles reis do “ié-ié-ié” estará cantando na terra do “é-é-é” — como se fosse possível traduzir literalmente a expressão manezinha.

Lummertz foi um dos 184 mil presentes no concerto que marcou a primeira passagem de Paul pelo país, em 1990. O beatlemaníaco também o viu em Curitiba, em 1993, e em Porto Alegre, há dois anos. Sentirá a magia mais uma vez, na Ressacada.

Possivelmente, o público só acreditará na presença do ídolo quando ouvir o velho (porém incansável) Macca no palco, dizendo “Olá, Floripa!”.

DIÁRIO CATARINENSE
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