| 28/10/2005 16h40min
Um estudo elaborado pelo PT reúne dados para provar que não existiu um esquema de compra de votos no Congresso Nacional para aprovar medidas de interesse de governo federal, conhecido como mensalão. A pedido do deputado Odair Cunha (MG), a assessoria da bancada comparou as votações de projetos de lei com os saques feitos por parlamentares ou seus assessores em contas do empresário Marcos Valério de Souza.
A avaliação final é de que os depósitos não alteraram as votações. Segundo Odair, o resultado reforça a alegação de Valério e do ex-secretário de Finanças do PT, Delúbio Soares, de que os pagamentos eram para cobrir dívidas de campanha eleitoral.
– A vinculação dos recursos à compra de votos é uma dedução que não encontra, nos gráficos que fizemos, nenhuma fundamentação sólida – afirma o petista.
De acordo com o estudo, foram realizadas 268 votações nominais em 2003 e 2004, período em que, segundo o ex-deputado Roberto Jefferson, teria havido o esquema. O partido selecionou apenas aquelas sessões em que houve orientação do governo para votação, totalizando 238 votações.
O levantamento mostra que os partidos que receberam dinheiro de Valério tiveram índices de apoio ao governo iguais ou até inferiores ao de legendas que nunca receberam, como PDT. O PCdoB foi o partido que mais votou com o governo, apoiando em 96,79% das votações. Depois está o PT (96,27%); o PSB (95,31%); o PPS (92,78%); o PL (92,59%); o PTB (88,51%); o PDT (87,37%); o PMDB (85,40%); o PP (80,60%); o PSDB (36,26%); o PFL (32,86%).
– Tivemos um índice de fidelidade sempre acima de 80% e tivemos também votos da bancada do PFL e do PSDB acima de 20% – explicou Odair.
Segundo o deputado petista, os partidos da base aliada votaram de acordo com o governo independentemente de repasse. O estudo do PT traz gráficos que relacionam as quantias recebidas pelo PL, PP, PTB e PMDB, as datas dos repasses feitos por Marcos Valério e a média de apoio ao governo nas 268 votações nominais.
O estudo destaca que a tendência dos votos das bancadas indica queda no apoio ao governo justamente em períodos em que há repasses mais elevados. O PP só teve recursos a partir de outubro de 2003 mas mesmo assim há um índice de fidelidade do partido ao governo acima de 80% mesmo antes dessa data, quando não havia repasse financeiro. Sobre o PTB, o estudo afirma que o partido teve um comportamento governista, oferecendo mais de 80% dos votos em boa parte das votações, mas houve uma dispersão ao longo do período. Após supostos repasses, no período eleitoral de 2004, a bancada votou contra o governo.
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