| 27/03/2005 23h24min
Depois do depoimento que durou mais de cinco horas na sede da superintendência da Polícia Federal no Pará, neste domingo, dia 27, Vitalmiro Bastos de Moura, acusado de ser o mandante do assassinato da freira Dorothy Stang, falou à imprensa.
Na entrevista, Bida, como é mais conhecido, disse que irá provar a sua inocência e até elogiou o trabalho desenvolvido pela missionária norte-americana, naturalizada brasileira, na região.
– O Programa de Desenvolvimento Sustentável criado por ela é muito bom, nunca fui contra o programa– afirmou o acusado.
Bida disse ainda que não tinha qualquer relação com a freira e que a viu apenas uma vez.
– Eu sou inocente e vou provar – reiterou Vitalmiro.
Dorothy, assassinada no dia 12 de fevereiro, integrava a entidade Irmãs de Notre Dame e atuava na Comissão Pastoral da Terra. Por mais de oito anos ela trabalhou com as comunidades e movimentos sociais da região da rodovia Transamazônica, incentivando o desenvolvimento sustentável e denunciando a ação de madereiros, grileiros e fazendeiros na exploração ilegal da floresta.
O fazendeiro, que estava escondido em um barracão na floresta no município de Altamira, entregou-se neste domingo, dia 27, depois de mais de 20 dias de negociação. A rendição foi feita na presença de seu advogado, Augusto Septimio, e da senadora Ana Júlia Carepa (PT-PA), que representa a comissão do Senado que investiga o caso.
Para o promotor Sávio Bravo de Araújo, a versão apresentada pelo fazendeiro não muda a tese apresentada pelo Ministério Público.
– Não há dúvida sobre o envolvimento dele, já há provas suficientes, ele apenas deu uma versão que lhe era favorável – disse o promotor.
O fazendeiro teve a prisão decretada pelo juiz estadual na cidade de Pacajá Lucas do Carmo, em 15 de fevereiro e responde a processo na justiça estadual por homicídio duplamente qualificado, acusado pelo Ministério Público do Pará de ser o mandante do assassinato. A arma que teria sido usada no assassinato da freira foi encontrada na fazenda de Vitalmiro, apontado por outros envolvidos no caso como o mandante do crime.
Com a prisão deste domingo, todas as quatro pessoas acusadas de envolvimento no caso estão detidas. A polícia, contudo, ainda investiga um consórcio de fazendeiros que também poderia ter participado na morte da religiosa.
Bida deverá ser ouvido pela Polícia Civil nesta segunda, dia 28.
As informações são da agência Reuters.
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