| 05/09/2005 09h05min
Mesmo incomodados com atitudes do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), os deputados federais gaúchos estão divididos diante da possibilidade de afastamento imediato do deputado do cargo, o terceiro mais importante na hierarquia da República.
A falta de provas contundentes e de previsão de afastamento do presidente no regimento da Câmara servem de argumento contra a saída. Ontem, Zero Hora ouviu 23 dos 31 deputados gaúchos. Treze defenderam o afastamento imediato de Severino e 10 foram favoráveis à permanência do deputado. Oito não foram localizados.
Segundo as revistas Veja e Época, o dono de um restaurante da Câmara, Sebastião Augusto Buani, pagou R$ 10 mil mensais em 2003 a Severino, então 1º secretário da Casa, para obter benefícios na renovação de contrato.
O consenso não foi obtido nem mesmo no PP, partido do presidenta da Câmara. Dos quatro progressistas ouvidos, apenas Francisco Turra e Luiz Carlos Heinze se manifestaram favoravelmente ao afastamento.
– Estou muito desconfortável em relação a toda a cúpula nacional do partido – afirmou Turra.
PMDB e PT também não têm posição uniforme. O receio é de que denúncias sem comprovação comecem a derrubar outros parlamentares em julgamentos sumários. A idéia é dar prazo até sábado para o presidente esclarecer o assunto.
– Severino é uma aberração. Mas é preciso verificar se há comprovação da corrupção e depois afastá-lo – afirma o deputado Adão Pretto (PT).
Mendes Ribeiro (PMDB) foi mais incisivo:
– Severino não deveria ter sido eleito nem ter assumido. Foi um desastre para a Câmara e para o Brasil. Ele não tem a menor capacidade, a Casa está sem comando e sem rumo. A crise política tem muito dele.
A deputada Luciana Genro (P-Sol) concorda:
– Prefiro dar crédito às palavras do dono do restaurante do que às de Severino.
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